“Curricularização da Extensão Universitária e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” foi o tema do Módulo 4 do X Programa de Formação do Consórcio STHEM Brasil, que aconteceu nesta terça-feira (22) de forma síncrona e on-line, apresentado pelas docentes Aline Iorra, Cátia Gonçalves, Fabiana Olegário, Jamile Weizenmann, Luciana Turatti e Merlin Diemer, da Universidade do Vale do Taquari (Univates).

Merlin Diemer, coordenadora de Extensão da Univates, falou sobre o histórico da curricularização da extensão universitária no Brasil. “Todo o percurso histórico da extensão no Brasil, por muito tempo, era de uma legislação unilateral, ou seja, da universidade para a comunidade. Somente em 1988 apareceu pela primeira vez na Constituição a palavra indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e a legislação passou a funcionar como uma via de duas mãos, ou seja, da universidade para a comunidade e vice-versa. Em 2004, pela primeira vez, fala-se em avaliação da participação do estudante e de não somente atender uma comunidade. E hoje temos uma relação dialógica, precisamos apresentar e somar valor ao currículo e o professor transformar o estudante em protagonista, que deve se comprometer com uma ação extensionista voltada à comunidade”, explicou.

Luciana Turatti, coordenadora de Pesquisa e Extensão da Univates, tratou da inovação, por meio de um planejamento docente a partir dos ODS em contextos de extensão universitária. “As ODS têm como princípios atingir pessoas, o planeta, a prosperidade, as parcerias e a paz e tem metas nobres para a sociedade global. Por isso temos de fazer a integração das instituições para abrir a possibilidade de trabalharmos em rede, fazer pesquisas conjuntas, desenvolver atividades que podem acontecer em qualquer canto do país para atingir essas metas. Nós podemos desenvolver parcerias para a inovação e nos aproximarmos enquanto instituição na entrega de soluções para problemas das comunidades, identificando os problemas e tratando-os”.

Luciana também deu exemplos concretos executados na Univates, como a Horta do Universitário onde são trabalhados as ODS. “Montamos um atelier extensionista, onde trabalhamos os ODS, com um grupo de alunos que diz respeito à fome zero e outro que trabalha com a saúde e o bem estar. Nas atividades do ateliê extensionista, um grupo auxiliou nos processos da horta, outro grupo de estudantes optou em atuar no mesmo território para auxiliar a comunidade a superar acesso a água, insumos e outras iniciativas, além da divulgação da horta em diferentes espaços. Já os alunos da nutrição trabalharam na elaboração de um e-book, exemplicando sobre plantas alimentícias não convencionais. E também tivemos uma pesquisa para avaliar aspectos sociais e ambientais e trabalhar com hortas familiares e comunitárias. E o objetivo é ter mais turmas seguidas e formar novos ateliers, com outros tipos de problematizações para serem solucionadas”.

Jamile Weizenmann, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo, coordenadora do espaço Semeia, um laboratório de ensino, pesquisa e extensão, tratou da relação da extensão com as ODS na disciplina Habitação de Interesse Social. “É um projeto que os alunos constroem ao longo da formação, e onde a matriz é ordenada por projetos. Nesses ateliers nascem os projetos, por temas, e por problemas para que os estudantes enfrentem e desenvolvam soluções para a comunidade. Temos empresas parceiras, como a Associação Marinês, que trabalha com mulheres do bairro Santo Antônio, de extrema vulnerabilidade, com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS e as secretarias de Desenvolvimento Social e Planejamento Urbano. Depois que o projeto se encerra as ações continuam e o objetivo é para que a comunidade se torne autossuficiente. Um dos projetos é o Capacete Rosa que visa a capacitação das mulheres nas comunidades vulneráveis para atuar como auxiliares de obra na construção civil. A primeira turma se formou no final do ano passado. Essas mulheres expuseram suas condições de moradia e foi uma experiência muito positiva já que duas alunas foram contempladas, uma com um emprego e outra com uma bolsa de estudos”.

A bióloga Cátia Viviane, que trabalha na área de Ciências da Vida e coordena o projeto de extensão Naturalista, na Univates, falou em seguida sobre práticas e metodologias para o engajamento estudantil em atividades de extensão.

Já a professora Fabiana Olegário contou sobre as experiências vividas com os ODS nas áreas de Pedagogia e Letras e sobre experiências em espaços educativos não escolares. “As matrizes curriculares na Univates, exceto no curso de Medicina, são organizadas em dois movimentos: seminários e ateliers (momentos mão na massa). Nos ateliers extensionistas é onde acontece a curricularização da extensão. Temos dentro da Pedagogia e também do curso de Letras a ideia de que Licenciatura está formando o aluno para o espaço escolar, sobretudo do pedagogo, e existem outras possibilidades de atuação desse estudante atuar em espaços não escolares”.

A professora Alice Iorra, professora do Curso de Direito da Univates, fez uma prática com os docentes na montagem de um jogo quebra-cabeças para trabalhar habilidades, desafiando as alternativas de extensão com várias palavras como diversidade, formação cidadã, interação, território, impacto, retroalimentação, entre outras e apresentou um case sobre o Atelier Extensionista de Solução Consensual de Conflitos e Psicologia Jurídica. “O estudante não fica as 80 horas na comunidade, ele precisa ter a base teórica que sustente as suas ações. Trabalhamos a comunidade prisional para realizar as trocas e os presidiários interagirem com os alunos de Direito. Os alunos adentraram as celas dos apenados para atuar dentro daquela comunidade questões de justiça restaurativa”.

Merlin Diemer destacou a avaliação “que nada mais é do que uma comparação entre a proposta e o resultado” e também da importância do registro de evidências para sistematizar as ações de ensino, pesquisa e extensão com o objetivo de apresentar ao MEC.

Luciana Turatti encerrou a capacitação agradecendo o compartilhamento de experiências e fechou dizendo que ”a Universidade faz sentido para a comunidade do entorno quando se envolve com ela e busca soluções conjuntas para um mundo mais sustentável”.

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