Na primeira sessão “Excelência com Responsabilidade: como o Ensino Superior pode fazer a diferença social”, do evento “O Admirável Futuro da Educação Superior” desta quarta-feira (18), o diretor do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED) da Universidade Lusófona, António Teodoro,  dividiu sua palestra em dois momentos.

No primeiro momento o educador citou o Programa Alma, realizado em 2008 pela União Europeia em cooperação com a América Latina, e que criava uma rede para discutir políticas públicas de educação de equidade no ensino superior. “Em 2008, a OCDE, depois de um imenso trabalho de recolhimento de informações, divulgou um conjunto de 13 tendências para a evolução da educação no mundo, seja por estados-membros ou associados da organização, e essas tendências foram reunidas em 11 tópicos”, disse Teodoro.

São eles:

1º Contínua expansão da educação terciária e de sistemas de educação em massa, alguns caminhando para sistemas de educação universal, onde mais de 50% de alunos dos 18 aos 24 anos estão em uma instituição de ensino superior.

2º Diversificação institucional da oferta, isto é o modelo tradicional coexistindo com outros modelos.

3º Expansão da oferta privada para responder a uma procura social que o Estado não responde e que coloca os países em uma situação adversa entre a oferta pública e privada.

4º Existência de novos modelos de estudo como híbrido e EAD.

5º Mudança no corpo estudantil, ou seja, expansão do sistema de massa de educação que tende a incluir na frequência escolar todas as classes sociais, particularmente as emergentes, diversificar a sua origem racial ou étnica e a presença massiva do público feminino.

6º Procura constante por novas fontes de financiamento que gera permanente competição entre as IES públicas e privadas.

7º Foco na performance das IES na gestão de recursos e prestação de contas e como são vistas nos rankings.

8º Novas formas de Governança, com muitos modelos empresariais e mais participativos tanto no plano acadêmico e científico quanto na responsabilidade financeira e administrativa.

9º Incremento da mobilidade, colaboração e construção de redes internacionais para a internacionalização dos currículos.

10º Processo de integração nacional que vem acontecendo principalmente na Europa e processos de integração regional, tentado na América Latina e no Mercosul.

11º Contribuição da educação superior para sociedades baseadas no conhecimento com uma ligação muito estreita da investigação científica e do desenvolvimento tecnológico.

No segundo momento, António Teodoro, apresentou os sete aspectos que devem ser levados em conta para se construir uma universidade cidadã, trabalho desenvolvido pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), reunindo 31 IES, e que foi assumido em relatório de 2021 pela Unesco.

São eles:

1º Reimaginar um novo contrato para a educação, que considera que a educação é um bem público e um direito humano.

2º Pensar a IES fora da racionalidade do neoliberalismo, teoria econômica que diz que só a competição gera inovação e progresso.

3º Construir relevância da educação superior a partir do conceito de justiça social em 3 dimensões: igualdade, reconhecimento das capacidades e a importância da liberdade e  reconhecimento das culturas oprimidas.

4º Construir cidadania por meio de modelos de governança, com liberdade e responsabilização.

5º Concombinar competição com colaboração.

6º Regulação, acreditação e validação dos cursos das IES que é feita diferentemente em diversos países para difusão de rankings.

7º Internacionalização das IES e globalização cosmopolita das múltiplas existentes.

O palestrante finalizou sua apresentação dizendo que “as IES são elementos importantes na construção de um mundo sem guerra, mas não sem conflitos,  preparando indivíduos para a busca da paz e  da justiça social”. A sessão contou com a moderação do debate do professor associado com agregação da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), Paulo Peixoto.

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