“Ensino temático para desafios na área da Saúde” foi o tema da palestra da tarde do 2º dia da VIII Semana de Formação de Professores do Consórcio STHEM Brasil, com a professora Elsa Aniela Mendez Reguera do Tecnologico de Monterrey, no México.

Elsa Aniela iniciou sua palestra fazendo uma pergunta aos professores presentes: “Qual o maior desafio que hoje o docente tem em sala de aula?” E três respostas chamaram a atenção da educadora. A primeira foi do médico e cirurgião vascular Remy Faria, que disse: “Na Medicina do Brasil a maioria dos médicos não são preparados para serem pedagogos mas acabam sendo”.  A segunda, da veterinária Michelly, da Uniopet, foi que “o maior desafio é convencer o aluno a assumir a corresponsabilidade da autonomia de seu aprendizado”.

A terceira, da pedagoga Maria Regina Franke Serratto, com 36 anos de docência, foi reveladora e sugestiva: “Os alunos vêm sem limites para a sala de aula, achando que a questão tecnológica é muito fácil. Exercer o papel de docente, muitas vezes é fazer o papel de mãe e de pai e colocar determinados limites, inclusive no sentido de entender questões de regras, de interrelação, da necessidade de respeito, de ter direitos, mas também deveres. E tudo com um olhar de acolhimento, de auxiliar para que esse aluno venha a se empoderar de uma forma adequada e positiva da importância das interrelações sociais tanto com o professor quanto com os colegas, não só para o desenvolvimento social mas profissional”.

Segundo Elsa Aniela, “os grandes desafios enfrentados hoje pelos professores são lidar com gerações muito diferentes, com o choque de ideias entre essas gerações diferentes, com um certo atrito e conflito na sala de aula e, principalmente, dar o feedback individual em turmas muito grandes de alunos”.

A solução encontrada pela educadora do TEC de Monterrey foi “no início do curso estabelecer regras para que os alunos entreguem tarefas no prazo, e não peçam extensão de prazo. A rubrica estabelecendo as regras de certos pontos é lei. Quando o aluno esquece de fazer a tarefa, desde o início deixo claro que a resposta será não. Exige do professor um tempo para se criar uma rubrica, mas se temos uma rubrica, economiza e poupa dissabores em sala de aula”, ensinou.

Outro exercício aplicado aos professores foi dividir as turmas em salas e cada professor escolhesse um tema: mascotes e animais de estimação, comida/refeição, viagens e exercícios. Os temas literatura e redes sociais foram também propostos mas não escolhidos pelos docentes.

O grupo de professores que escolheu mascotes e animais de estimação, representado por Silvia Elena Navas Alfaro, disse que o objetivo foi discutir um plano de ação para combater os maus tratos contra os animais. “É preciso se fazer uma campanha junto a crianças para que entendam desde pequeninas a respeitar a vida dos animais e de não maltratá-los, evitando o abandono. Acreditamos que educação começa na infância e é preciso ensinar as crianças o valor do ser vivo, independentemente de ser humano ou não”.

Já o grupo de docentes que escolheu o tema comida/refeição criou uma imagem virtual com todos os membros e cada qual segurando um tipo de alimento em mãos que mais gostam. Ana Carolina Vale Campos Lisboa e Felipe Munhoz disseram que “o objetivo foi envolver os presentes nas sensações que os alimentos podem causar em cada um, para gerar a memorização da tarefa e perceber a diversidade de alimentos que pode ser do mais ao menos saudável ou o mais prazeroso”.

As professoras Michelly da Uniopet e Flávia Albuquerque Guimarães mostraram a imagem de um ônibus, montado pelo grupo, a caminho de Brumadinho, em Minas Gerais, com o objetivo de prestar serviços humanitários e multieducativo aos profissionais de várias áreas da saúde. “Os veterinários fariam em Brumadinho a investigação de zoonoses; os psicólogos dariam suporte psicológico as pessoas que perderam tudo e ainda não conseguiram ajuda; os estudantes de Medicina fariam investigações, inclusive de quais vacinas poderiam ser dadas para prevenir futuras doenças e dariam auxílio as famílias e animais abandonas”.

No tema do grupo sobre exercícios, liderado por Eveline Abrantes da FCMB, “o objetivo foi montar um Plano de atividades físicas para ser desenvolvido em vários horários no trabalho voltado a profissionais da área da saúde e premiar os que tiveram maior participação nas atividades físicas”.

Após a apresentação dos alunos, a professora Elsa Aniela encerrou o workshop fazendo uma provocação: “Com a atividade proposta vimos que é possível ter uma aproximação propiciada em uma sala digital e não descuidar do lado humano”.

A docente do TEC Monterrey contou que seu maior desafio emm março de 2020, quando dava aula para 60 alunos, foi motivá-los a continuar. “Eu via que todos estavam cansados, agoniados com a situação econômica e a questão das vacinas da Covid-19 e a solução foi criar um espaço, o Coronabanker, onde era proibido falar de coronavírus”, contou.

Outra atividade dada peladocente foi lançar um meme: #Abraumnovotema. “A atividade deveria incluir um dado curioso sobre animais, piadas, histórias interessantes, temas sobre a vida de artistas, sempre conectados com os temas de sala de aula, e tudo deveria se desenvolver no final de semana”, lembrou. O resultado, segundo Elsa Aniela, foi surpreendente: “foram desenvolvidos 64 memes, além de temas sobre o processo fisiológico ganhar as redes sociais”.

“Percebi que as redes sociais eram o caminho para eles se identificarem com a matéria e comigo. No Twitter lançamos a Dra. Fagócito. O Twitter permite ver quantas pessoas viram o seu post, quantas fizeram cliques, e isso me serviu para ter as opiniões dos alunos. Uma aluna disse até que preferia acompanhar os trend topics criados por mim e essa foi uma forma de engajar os meus alunos”, ensinou.

Para finalizar, a docente deu as seguintes dicas: “conheça o seu público, se estão nas redes sociais; busque pontos em comum entre lugar, assunto comum entre todos e de onde pode-se partir, adaptar e construir experiências prévias. O que não funciona, mude ouvindo os alunos. Agora o ponto em comum para nos conectar aos alunos será sempre uma forma pessoal”.