Sara Dias Trindade, professora do Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e membro da equipe de coordenação do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX daquela instituição, foi a palestrante do Workshop 2 do segundo dia do 1º Seminário O Admirável Mundo Novo da Educação Superior em Ambientes Híbridos, com o tema  Aumento da interação do aluno em sala de aula remota e híbrida.

O evento é uma parceria do Consórcio STHEM Brasil com a Universidade de Coimbra e tem como coorganizadores o Semesp, a Universidade Estadual do Arizona, o Instituto Tecnológico de Monterrey e a Unicamp.

A palestrante apresentou várias ferramentas utilizadas na Universidade de Coimbra e estimulou a interação dos participantes e o compartilhamento e atualização de conteúdos por meio dessas plataformas, no formato de um fórum remoto. Utilizando essas plataformas on-line de compartilhamento, ela promoveu interações com os participantes e procurou mostrar como é possível estruturar algumas atividades com os estudantes em sala de aula remota, apostando na convergência de recursos presenciais e tecnológicos pelas instituições de ensino para suas atividades de aprendizagem durante a pandemia.

“Vivemos a era da supercomplexidade, que nos oferece inúmeros desafios pelos quais teremos de passar. Mas penso que não precisamos nos reinventar, mas sim criar condições para criarmos novas estratégias, novas metodologias, para não ficarmos presos em um ambiente exclusivamente digital’, afirmou a palestrante. Segundo ela, na Universidade de Coimbra as aulas teóricas estão sendo remotas e as práticas, presenciais, “com vários turnos, para que haja poucos alunos em cada momento nos laboratórios”.

Sara Trindade destacou a importância de “conseguirmos fazer com que os estudantes pensem em questões como a proteção dos dados, e o uso da tecnologia digital para estimular a presença física por meio da imagem, que nos permita a proximidade e a humanidade tão importantes para o processo educacional”.

“No ensino superior as tecnologias digitais têm a vantagem de permitir aprofundar a transmissão de conhecimento, como os recursos das plataformas de vídeo. Estendendo a sala de aula para fora dos seus limites e capacitando os estudantes não apenas para o trabalho científico, mas também por meio de competências transversais, como comunicação e espírito critico”, afirmou.

A palestrante revelou que “a grande discussão em Portugal tem sido se seria possível obrigar a participação dos estudantes com a câmara aberta, e a conclusão é que isso não poderia ser exigido sem prévio entendimento e aceitação por parte dos alunos”.

Participantes do workshop relataram que no Brasil muitos alunos não possuem câmara em seus equipamentos que permitam essa interação visual, a maior parte das vezes por questões econômicas. Segundo a palestrante, “também em Portugal muitos alunos não dispõem dos equipamentos, ou do acesso dedicado a redes, que são necessários para participar das aulas síncronas”.

Sara Trindade defendeu que “precisamos criar outros momentos, que permitam nos aproximarmos dos estudantes, decidindo até onde vai o momento analógico e onde começa o momento digital em educação,o u seja, momentos em que os alunos aprendam a viver na realidade atual do mundo”. Segundo a palestrante “isso é que constitui o verdadeiro hibridismo, quando formulamos estratégias digitais que possam atender às necessidades de aprendizagem dos estudantes”.

Para a palestrante as pessoas estão muito preocupadas com a hard skill, a capacidade de passar conteúdos, mas elas precisam criar situações para trabalhar com as soft skills, com estimulo aos momentos de pesquisa e construção de habilidades que são as competências necessárias para o Século 21. “Os alunos precisam ser ensinados a chegar à bibliografia de forma inteiramente digital, a compartilhar informações por meio de grupos remotos, a colaborar para construir conhecimento, reduzindo a rivalidade universitária”, destacou.

Segundo Sara Trindade, “se a pandemia tivesse ocorrido 20 anos atrás, as instituições não teriam as tecnologias necessárias para fazer frente às limitações provocadas pela disseminação do vírus”. Para ela, as universidades estão aprendendo a encontrar alternativas para fornecer soluções para superar as limitações da realidade atual. “Estudantes e docentes começaram a ficar mais familiarizados com as tecnologias digitais para suas atividades educacionais, e essas tecnologias têm que ajudá-los nessa interação entre os ambientes analógicos e digitais, com recursos relativamente simples. Essa é a verdadeira disrupção”, concluiu.

A gravação completa do workshop estará disponível no site do STHEM Brasil e também no Canal STHEM Brasil do You Tube.