Nesta quinta-feira (24), segundo dia do VIII Fórum Internacional de Inovação Acadêmica, realizado pelo Consórcio STHEM Brasil com apoio da Unifenas, se iniciou com o workshop “Elaboração de questões de prova para promoção de raciocínios complexos”, apresentado pela mestra Bruna Casiraghi da UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda.

Bruna Casiraghi, que é formada em Psicologia e Psicopedagogia, mestre e doutora em Psicologia da Educação, apresentou formulário com perguntas para os docentes presentes discutirem em grupo e escolherem as melhores respostas de como avaliar alunos e, no final, todos os participantes chegaram a um consenso unânime (100%) na 1ª questão posta, cuja “principal função da avaliação é permitir o acompanhamento da aprendizagem dos alunos e do processo de ensino”.

Segundo Bruna, “a nota não é função, mas indica o que se fazer com o resultado do aluno. O grande objetivo da avaliação é promover um diagnóstico e o que fazer com ele. Se somos docentes que conseguimos entender que a nota é a representação de aprendizagem, vamos ter de acompanhar outras questões para tomar a melhor decisão de reprovar ou aprovar o aluno”.

Na 2ª pergunta, que não teve respostas unânimes entre os grupos, mas cada um ficou com 25% das 4 opções de respostas, Bruna colocou o seguinte  desafio: para a questão ser considerada contextualizada, seu enunciado deve conter, obrigatoriamente, o quê? As opções foram: problemas a serem solucionados; um caso concreto, ligado a prática profissional; conceitos importantes abordados durante as aulas; pelo menos um dos seguintes recursos: tabelas, gráficos, textos, figuras, casos, etc.

Para Bruna, a questão “tem a função proposital de gerar reflexões. Em uma questão de prova a resposta certa tem de ser clara e objetiva para quem conhece o conteúdo. Se apresentarmos para um especialista e ele ficar na dúvida, temos de ver o que é essencial, relevante ou não. Quando queremos montar uma questão para gerar uma discussão, temos de trazer conteúdos para deixar dúvidas e questionamentos”.

A 3ª pergunta posta foi referente à Taxonomia de Bloom e as questões elaboradas considerando os níveis mais altos de complexidade, cujas respostas tiveram 75% da escolha em “partem do conhecimento teórico para realizar a análise e a solução de situações complexas” e 25% “que devem exigir criatividade para solução dos problemas”. Não houve escolha nas respostas:  “independem da memorização e do conhecimento teórico” e “configuram questões que utilizam os seguintes comandos: identifique, resolva ou explique”. 

“Para chegarmos em um diagnóstico, precisamos saber os conceitos, compreendê-los e aplicá-los em uma situação e, além disso, temos de analisar o caso, ver os sintomas, identificá-los, saber o que é importante ou não, e depois da análise temos de fazer a síntese. O raciocínio de dar um diagnóstico é muito complexo. O que é muito fácil para nós, docentes, não é fácil para o nosso aluno. Podemos olhar as questões de maior complexidade e menor complexidade, mas é a partir da aplicação de um contexto que depois acontece a avaliação.

A 4ª questão proposta aos docentes, mais complexa e sobre avaliação da aprendizagem a partir de uma pesquisa, aplicada semestralmente, em 2019, em uma instituição de ensino superior, e que obteve em 5 provas de cada curso mais de 600 respostas, os docentes deveriam analisar as assertivas: I – Os professores universitários, na maioria das vezes, não possuem formação pedagógica específica, o que reflete na prática docente e na avaliação da aprendizagem; II – A inserção de questões de concurso e Enade nas avaliações aumentam a complexidade dela? III – Apesar das Diretrizes Curriculares Nacionais indicarem a necessidade de muitas instituições utilizarem diferentes meios para a avaliação da aprendizagem, a prova escrita ainda constitui um importante instrumento avaliativo; IV – A Taxoconomia de Bloom é composta por diferentes níveis cognitivos que possibilitam hierarquizar as formas de verificação de conhecimento na educação. E, em seguida optar por: a) I, II e III estão correta; b) II, III e IV estão corretas; c) I, III e IV estão corretas; d) I, II e IV estão corretas; e) Todas estão corretas. E os docentes presentes no Fórum deveriam escolher as seguintes respostas: Trata-se de uma questão não contextualizada e de alta complexidade.

Após a escolha, os docentes deveriam analisá-las escolher entre 4 hipóteses: Trata-se de uma questão não contextualizada e de alta complexidade; Trata-se de uma questão não contextualizada e de baixa complexidade; Trata-se de uma questão contextualizada e de alta complexidade e Trata-se de uma questão contextualizada e de baixa complexidade. Embora 50% dos docentes no Fórum responderam que trata-se de uma questão contextualizada e de baixa complexidade e 50% que trata-se de uma questão contextualizada e de alta complexidade, a resposta correta foi “trata-se de uma questão não contextualizada e de baixa complexidade”.

A 5ª e última questão proposta, foi avaliar duas características de avaliação do estudante universitário, sendo uma a frequente discrepância entre norma e prática e a outra, uma nítida predominância de processos de memorização nas avaliações. Os docentes deveriam analisar as assertivas: I – Observa-se que as provas analisadas na IES contradizem a informação sobre a predominância de processos de memorização nas avaliação; II – os dados apontam uma relação entre a complexidade e a contextualização, indicando que questões não contextualizadas tendem a ser menos complexas; III – Considerando os objetivos do ensino superior, os resultados esperados deveriam apresentar uma frequência diametralmente oposta aos resultados obtidos, tanto com relação a complexidade como contextualização. E, em seguida, optar por: a) I e II estão corretas; b) II e III estão corretas; c) I e III estão corretas; d) Somente II está correta; e) Somente a III está correta.

Os docentes presentes no Fórum deveriam escolher as seguintes respostas: Trata-se de uma questão não contextualizada e de alta complexidade; Trata-se de uma questão não contextualizada e de baixa complexidade; Trata-se de uma questão contextualizada e de alta complexidade e Trata-se de uma questão contextualizada e de baixa complexidade.

Embora os presentes não tenham tido tempo hábil para discutir e responder antes do término do workshop, Bruna Casiraghi sintetizou sua apresentação já com a resposta correta que é “Trata-se de uma questão contextualizada e de alta complexidade”. Para ela, “o número de questões tem sempre de ser muito bem pensado. Questões de alta complexidade precisam ser discursivas e a Taxiconomia de Bloom trabalhada sempre, em todas as disciplinas, para que chegue-se a um nível mais alto de complexidade”, finalizou a psicopedagoga.

A psicopedagoga ainda alertou os docentes sobre a importância de se fazer um Planejamento da Prova. As dicas dadas por ela foram: listar objetivos; distribuir questões por tipo e complexidade e elaborar um plano de prova. “Fazer uma boa avaliação implica em dedicação e em tempo para olhar a questão, desenvolver os objetivos e organizar a prova de forma efetiva.  A minha sugestão é ao fazer um plano de prova saber quantas questões, que tipo vão ser, qual o conteúdo de cada uma, qual a complexidade dessas questões, e se elas estão caindo muito no conceitual ou indo além”, finalizou.