Cerca de 1.200 pessoas acompanharam nesta terça-feira (14) o webinar sobre Inteligência Artificial (IA): “ChatGPT – Desafios e Oportunidades para a Educação”. Realizado pelo Consórcio STHEM Brasil juntamente com o Semesp, MetaRed e IVEPESP, o evento tratou dos desafios do programa, criado com o intuito de conversar com um humano por meio de um aplicativo, e como ele pode ajudar, ou atrapalhar, dentro da sala de aula.

A presidente do Semesp e da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Profa. Lúcia Teixeira, disse que “a Inteligência Artificial está mudando todos os tipos de softwares, começando pelos de pesquisa, que é um modo de trabalho muito utilizado pelas instituições de ensino superior. O ChatGPT é uma ferramenta inteligente que pode fazer trabalhos incríveis, mas a tecnologia tem suas vantagens e desvantagens, dependendo do uso que se faz dela. As IES precisam aprender a trabalhar o potencial desta ferramenta tirando um bom proveito e de forma ética”.

Falando em nome do presidente do Consórcio STHEM Brasil, Fabio Reis, que é também diretor de Inovação e Redes de Cooperação do Semesp, a gerente de projetos do STHEM, Fátima Medeiros, disse que “o consórcio acredita que a ferramenta ChatGPT tem de ser discutida, porque de alguma maneira vai alterar como os alunos aprendem e os professores ensinam”. O coordenador do GT de Tecnologias Educacionais da MetaRedTIC Brasil, Marco Antônio Garcia de Carvalho, completou dizendo que “a ferramenta será uma aliada nas boas práticas de gestão e governança das IES brasileiras”, enquanto o professor Helio Dias, presidente do Instituto para a Valorização da Educação e da Pesquisa no Estado de São Paulo (IVEPESP), falou que “o trabalho do instituto, que completa 14 anos de existência esse ano, tem tudo a ver com o trabalho de valorização da pesquisa, e que os cerca de 400 pesquisadores estão trabalhando em iniciativas como a do ChatGPT e outras”.

Meda redonda 1

A moderadora Ana Valéria Sampaio de Almeida Reis, pesquisadora em Metodologias Ativas e Aprendizagem Ativa e Resultados de Aprendizagem, abriu a mesa redonda “As Possibilidades do ChatGPT na Educação: uma Análise da Inteligência Artificial em Ação”, aplicando uma pesquisa para saber o nível de conhecimento no uso da ferramenta. A grande maioria respondeu que ainda não tinha testado ou feito algum tipo de investigação. A pesquisadora lembrou que “o ChatGPT não está conectado diretamente na internet, por isso tem conhecimento limitado a eventos posteriores a 2021, mas é uma ferramenta que pode fazer identificação de plágio e perfeita para elaboração de perguntas”.

O professor Helio Dias, presidente do IVEPESP, foi categórico ao afirmar que “a ferramenta não irá substituir o professor em sala de aula”. Ele citou também que, embora o ChatGPT ajude a identificar o plágio, em matéria como a Física, a ferramenta precisa ter um uma grande quantidade de dados, conceitos e leis físicas catalogados, e o professor é essencial para combinar teoria e resolução de problemas”. Dias lembrou que a educação privada e a pública têm caminhos diferentes e ainda há muita desigualdade na educação. “Dados de uma pesquisa de 2015 mostram que um quarto dos estudantes do ensino básico não vão para o ensino médio. Também professores com formação específica em uma área, como o caso das Engenharias, têm sérios problemas de evasão de alunos. O docente sabendo usar a ferramenta poderá entender o que está acontecendo com alunos e buscar soluções.”

Maurício Garcia, conselheiro Acadêmico do Inteli, chamou a atenção para os processos de similaridade e de avaliação. “Não temos de abolir o ChatGPT como já fizemos com calculadoras e celulares em sala de aula, porque vão chegar novas ferramentas. As máquinas vão atingir o processo da similaridade e vamos presenciar transformações muito profundas no ensino, principalmente do EAD. A questão principal é repensar o processo de avaliação, esse é o sentido do ChatGPT. O professor avaliar se o aluno cometeu plágio com o uso da ferramenta, mas ensinar que o aluno deveria ter uma questão ética de não fazer isso. O acordo ético precisa ser muito bem trabalhado com os alunos”.

Rogerio Justino, diretor de Ensino do Instituto Federal Goiano, lembrou que o chatGPT é uma ferramenta que pode e deve ser usada pelo docente para que se aprimore. “A ferramenta elabora avaliação, corrige, dá nota, monta um plano de aula com os requisitos que o professor necessitar, ou seja, o professor trabalha menos”.

Mesa Redonda 2

Da E acima para a D abaixo, Rosa Maria Vicari, Pedro Guerios, Rodrigo Estevam e Michelle Hanne.

A moderadora Michelle Hanne Soares de Andrade, especialista em Computação e Tecnologia da Informação, abriu a mesa redonda “Explorando as Fronteiras da IA na Educação: o ChatGPT e suas Aplicações” e disse que “a ferramenta, que está disponível na internet de forma gratuita, conseguiu em um dia, um milhão de usuários. O plano gratuito dá suporte para fazer perguntas e traduções e algum tipo de interação. Na versão plus, que custa US 20 por mês, está disponível para os usuários de uma forma mais abrangente”. Ela acrescentou que fez vários testes com perguntas para o Enade nas áreas de Direito, Desenvolvimento de Sistemas e áreas de exatas, e em todas o ChatGPT respondeu.

Em seguida, Rosa Maria Vicari, professora do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora da Cátedra Unesco em Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação, fez um alerta para os pais. “A alfabetização digital já faz parte dos currículos, os alunos precisam usar o Google, o GPT, porque as nossas habilidades estão se transformando. Os pais já deveriam estar preocupados com a IA há muito tempo. Esses sistemas rastreiam dados e sabem mais da nossa vida, influenciando em nossas escolhas e tomadas de decisão. Precisamos criar a capacidade dos nossos alunos saberem usar com critérios, que podem estar sendo influenciados, principalmente em golpes na internet. E o GPT pode ter erros, informações imprecisas, bases de textos que não passaram por uma boa curadoria, e podem trazer discursos de ódio, infelizmente. Então ética é muito importante”.

Pedro Guerios, vice-reitor do Centro Universitário ENIAC, lembrou que o professor precisa saber usar a ferramenta e fazer o aluno usá-la para resolver problemas. “O ChatGPT é um amigo do aluno para ajudar a entender o que se está falando. A ferramenta vai fazer com que todos conversem de uma forma integrada, eloquente e vai tornar assuntos complexos mais digeríveis”.

Rodrigo Estevam, CEO & Founder da LEXP, fechou o evento falando sobre tecnologias generativas, que geram respostas e são diferentes de mecanismos de buscas, como o Google. “O ChatGPT não lhe dá um link para você pesquisar, ele gera respostas para suas perguntas, cria textos, gera imagens. O importante é ter sensibilidade de entender a tecnologia e como podemos usá-la em nosso proveito”.

Assista o evento completo aqui.