“A educação superior no mundo pós-Covid-19. Lições aprendidas pelas IES internacionais que já retomaram as atividades presenciais” é a nova série de webinares realizada pelo Consórcio STHEM Brasil em parceria com o Semesp, a terceira série desde o início da pandemia. O primeiro episódio, “Hong Kong/China”, nesta sexta-feira (15), teve a participação do Prof. Dr. de Política Comparada e vice-presidente da Universidade de Lingnan (Lingnan University), Joshua Mok Ka-ho, graduado em Administração Pública e Social na City University (Hong Kong), mestre e doutor em Sociologia pela Universidade Chinesa de Hong Kong e pela London School of Economics and Political Science.

O Prof. Mok apresentou a “Pesquisa sobre conhecimento, experiências e bem-estar de estudantes internacionais/não locais em meio à pandemia da Covid-19” (Survey on International/Non-Local Student Knowledge, Experiences, and Wellbeing Amidst The Covid-19 Pandemic), realizada on-line no período de 12 de abril a 1º de maio, com 583 estudantes internacionais vindos de 26 países de seis continentes (África, Ásia, Oceania, Europa, América do Norte e do Sul), com idade média de 26 anos e de várias áreas do conhecimento. Ele falou também da volta às aulas em Hong Kong, que será gradual e terá início no final de maio.

“Há muitos casos de internacionalização na Lingnan University, e a ideia da pesquisa foi saber como os alunos estavam preparados para lidar com a Covid-19, onde buscavam informações sobre a doença e como eles notavam que a pandemia afetava suas vidas e de seus familiares, para que pudéssemos ajudá-los”, explicou.

O estudo mostrou que 53,9% são estudantes do sexo feminino, 46% fazem cursos de pós-graduação, 46% não recebem nenhum tipo de ajuda financeira e pagam seus próprios estudos e a grande maioria, 61%, se encontram na região onde estudam e fora dos países de origem durante a pandemia.

A pesquisa revelou também quais meios de informação os estudantes têm acessado para saber sobre a doença. “Importante destacar que 74,8% desses jovens acessam as mídias sociais como Facebook, Twitter, Snapchat, LinkedIn, WhatsApp, We Chat e é importante que essas informações sobre a pandemia sejam verdadeiras. Se for fake news, esses jovens serão muito impactados negativamente em relação à Covid-19”, alertou o Prof. Mok.

Em seguida, 75,5% dos estudantes não locais de Lingnan, procuram se informar por meio de websites, streaming/vídeos, blogs, e-journals e e-books, 33,3% por programas e noticiários da TV, 10,1% em jornais tradicionais, apenas 9,4% por meio do rádio. “Cerca de 47% ainda prefere trocar informações com familiares e amigos e 30,4% acessam as informações encaminhadas pela universidade por meio de e-mails”, completou.

A pesquisa procurou mapear também em 6 questões, que vão de concordar ou discordar completamente, se esses jovens estão bem informados sobre as rotas de transmissão da doença, sobre os sintomas, as medidas preventivas, onde encontrar informações confiáveis no país onde estuda, onde buscar ajuda caso desenvolva os sintomas da doença e como aplicar as informações sobre a prevenção de maneira apropriada. “A grande maioria, na média de todas as questões, responderam que concordam plenamente que estão bem informadas a respeito das questões relacionadas à Covid-19. As maiores porcentagens, 56,09% e 51,97% concordam plenamente estar bem informados sobre a prevenção e transmissão da doença”, mostrou o Prof. Mok.

O estudo procurou saber ainda até que ponto o estudante se sente em risco e está preocupado com a Covid-19, com os membros de sua família e se sente solidão ou ansiedade estudando fora do país de origem. “Mais da metade, 45,8% está preocupado com o risco de contrair a doença, 42,5% se preocupam com a saúde de seus familiares e 31% se sentem completamente sozinhos e ansiosos com relação à doença”, revelou o Prof. Mok.

A Universidade de Lingnan também foi ouvir os estudantes em relação aos novos métodos on-line de estudos. “Percebemos que 83% de nossos alunos estão ansiosos para voltar a estudar presencialmente, e apenas 8,8% estão insatisfeitos com as novas metodologias de ensino. Esses dados nos revelam que a pandemia afetou de uma maneira impressionante a vida acadêmica desses 11 mil alunos não locais, que apesar de fazerem uso do ensino on-line, de novas tecnologias, plataformas, eles querem mesmo é interagir de verdade, pois o relacionamento humano é fundamental na vida desses jovens”, disse.

O Prof. Mok revelou ainda que uma segunda pesquisa será realizada, em breve, para detalhar o ensino on-line, as novas tecnologia,o teletrabalho, o fator humano e o suporte que os alunos gostariam de receber da universidade para proteção pessoal após a pandemia. “Alunos, professores e gestores precisam caminhar juntos e em união para construir um novo ensino e preparar os alunos para esse futuro incerto e para um mercado de trabalho mais incerto ainda”, disse.

Para ajudar os alunos, a Universidade de Lingnam criou a campanha CC4Y (Closely Connected for You), que procura ajudar os alunos formados a buscar oportunidade de trabalho dentro e fora do país ou conseguir estágios em diversos setores da comunidade. “Nessa campanha doamos 10% dos salários para ajudar em bolsas de estudos para os mais carentes e fazemos conexões com empresários locais para encontrar estágios para os nossos diplomados”, conta o Prof. Mok.

Quanto à volta as aulas, segundo o Prof.Mok, o Governo de Hong Kong pretende retornar em fases. “O ensino secundário será agora no final de maio, com distanciamento entre alunos na sala de aula, frequência de meio período e não integral, com o uso de máscaras, medição da temperatura corporal e distanciamento entre alunos, sem aglomerações”, explicou. Por fim, o Prof Mok ensinou que “em época de pandemia e de incertezas é preciso que os gestores das instituições sejam positivos e resilientes, além de fazer uma boa gestão. Estamos em Lingnam criando redes de educação interativas para dar suporte não só aos alunos mas também à comunidade para superarmos, juntos, essa pandemia”, concluiu.