“Atividades de educação mediada por tecnologia em cursos de STEM (Science, Technology, Engineering, Mathematics)” foi o tema do webinar realizado no último dia 8 (quarta-feira) pelo Consórcio STHEM Brasil em parceria com o Semesp, com  a participação de Ricardo Miranda Martins, diretor associado do consórcio e professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp.

Durante sua apresentação, Martins contou como a Unicamp se adaptou à nova realidade imposta pela Covid-19 e acabou por criar uma página de apoio digital para alunos e professores. “A universidade suspendeu as aulas presenciais do dia 12 ao dia 29 de março e estávamos em plena organização do Dia Internacional da Matemática, o dia do PI, mas não havia como continuarmos presencialmente até porque o Hospital da Unicamp fica no campus e pessoas com o coronavírus iam ser atendidas, o que era arriscado para os nossos alunos”, lembrou.

Em 16 de março a Unicamp criou o Programa Emergencial para os cursos e disciplinas de graduação e pós-graduação e os coordenadores de curso, juntamente com os docentes de cada disciplina, foram convocados a estabelecer a migração das atividades de educação mediadas por meio de tecnologias. “Apesar do perfil da Unicamp ser de jovens, 45% dos 35 mil alunos são de pós-graduação e 8% de produção científica, ela é bastante tradicional e seus cursos são presenciais, não temos EAD, embora há vários esforços recentes para aplicação e uso de metodologias ativas”, enfocou Martins.

Para o educador, de um momento a outro os docentes responsáveis pelos cursos tiveram de propor adaptações aos programas das disciplinas presenciais por atividades não-presenciais com o objetivo de substituir a carga didática correspondente e fechar o semestre. “O que é uma atividade mediada por tecnologia? O professor sabe como produzir um vídeo? Como o aluno acompanha uma aula on-line? As duas partes têm acesso aos recursos para produzir e receber conteúdos?, eram as questões que todos trocavam nas reuniões”, pontuou o mestre.

Martins alertou que a Unicamp possui duas plataformas: Moodle e Google Classroom, mas os pouco mais de 100 docentes entre permanentes, colaboradores, aposentados e pós-docs da universidade, nem todos sabem como usá-las. “Nas reuniões os professores começaram a trocar informações com os que já tinham noções de como gravar vídeos e áudios e como todos podiam adaptar o calendário de aulas e avaliações presenciais para on-line, controlar a presença dos alunos nas salas virtuais e, principalmente, descobrir se todos os alunos tinham equipamentos para acompanhar as aulas”, rememorou.

Foi então que as soluções começaram a surgir. “Temos um projeto do IMECC com a Univesp, onde gravamos uma série de aulas em vídeo para disciplinas básicas como cálculo I, cálculo III, álgebra, cálculo numérico, entre outras, no período de 2013 e 2014. Essas aulas ficaram ótimas e foi então que tivemos a ideia de disponibilizá-las nas plataformas para que os alunos pudessem acessá-las de forma assíncrona”. Outra ideia, segundo Martins, foi os professores gravarem tutoriais onde, por meio de vídeos, é ensinado passo a passo como usar os softwares para os mais variados fins.

E por fim, a Unicamp decidiu com todo o material disponibilizado criar uma página de apoio digital  separando os tutoriais diversos sobre orientações do planejamento de disciplinas e organização do ambiente virtual de aprendizagem, sobre como os alunos devem organizar os estudos, sobre o uso do Moodle e Classroom, tanto para docentes quanto alunos, como realizar aulas on-line por meio do Google Meet, de como gravar aulas com Powerpoint, Quicktime e outros programas, como publicar as aulas on-line no Youtube, disponibilizados links com dicas para criação de aulas e conteúdos, além de aulas gravadas e um grupo de apoio para os cursos de extensão.

“De uma forma surpreendente as pessoas simplesmente foram se engajando, até de uma forma artesanal, mas aprendendo muito rápido em todo o processo. Tenho certeza de que sairemos dessa fase muito melhores do que quando entramos” finalizou Martins.