“Transformação Digital e Educação 4.0: o que é e qual seu impacto no mundo da nova era de transformação digital” foi o tema do webinar que o Semesp, o STHEM Brasil e a MetaRed realizaram nessa segunda-feira (29), o segundo de uma série de quatro eventos desse tipo que estão sendo organizados pelas três instituições, e que teve a participação de Rodrigo de Grazia Bacha Estevam, coordenador do GT de Relação com os Fornecedores da MetaRed Brasil e diretor de Tecnologia da Informação da UniCesumar.

“A Covid-19 acelerou ainda mais a transformação digital em todos os setores produtivos do mundo, e na educação hoje, mais do que nunca, para se estruturar todos os processos é preciso ter como ponto central a tecnologia, para se fazer mais com menos e melhorar a expectativa dos clientes, no caso os alunos”, disse Estevam. Mas, segundo ele, “não é só investir em tecnologia e nem formar pessoas capacitadas em novas tecnologias, e sim fazer com que todos os profissionais envolvidos na educação tenham predisposição de mudar a maneira de ver, pensar e fazer as coisas”. E citou como exemplo a empresa Amazon, que em plena pandemia contratou 175 mil novos funcionários para atender os pedidos on-line e fortalecer ainda mais a eficiência de sua logística.

Para Estevam a pergunta que as IES devem fazer é: “Por que investir em transformação digital?”. A resposta, segundo ele, está nos números: “90% dos dados existentes na web foram criados nos últimos dois anos e estima-se que atualmente o conhecimento mundial de toda a humanidade dobre a cada 12 horas. Fora isso, 14 bilhões de pessoas em todo o mundo possuem smartphones, e no Brasil  temos 1,6 smartphones por habitante. Quanto aos investimentos, segundo o Internet Data Center (IDC), só em 2019 os gastos globais com transformação digital alcançaram quase US$ 2 trilhões, um aumento de 17,9% em relação a 2018. Serviços de nuvem, big data, mobilidade e empreendedorismo social concentrarão 58% dos investimentos. Já os recursos com Inteligência Artificial devem apresentar um crescimento de 44,2% neste ano”.

O coordenador de TI da UniCesumar mostrou ainda pesquisas de institutos consagrados, como o Oxford Economics, mostrando que 20 milhões de empregos globais, só no setor de manufaturados, serão substituídos por robôs até 2030. “As mulheres que têm cargos de secretárias, recepcionistas e atendimento vão perder 160 milhões de postos de trabalho porque serão substituídas por sistemas tecnológicos, segundo a Mckinsey & Company. Mas, em compensação, 133 milhões de novos postos de trabalho serão criados em novos empregos gerados pela revolução industrial 4.0, segundo o World Economic Forum”, disse.

Nos Estados Unidos, de 702 profissões estudadas, dentro de 20 anos 47% delas não existirão mais. Já no Brasil, até 2030, 75 milhões de brasileiros serão afetados pelas novas tecnologias. “Aqui no Brasil a desigualdade social e a educação básica e pública com falta de qualidade vão impactar ainda mais esse quadro. E o mais complicado é que 78% das pessoas acreditam que a educação no país não prepara o aluno para as exigências do mercado de trabalho contemporâneo”, enfatizou.

Em seguida Estevam fez uma provocação para os cerca de 200 participantes do webinar, ao falar sobre como as IES deveriam se estruturar para criar estratégias e desenvolver novas competências em seus alunos, visando o que o mercado de trabalho buscará nos próximos anos, e como inserir a Inteligência Artificial nos currículos.

Ele citou caminhos apontados pelo livro organizado pelo presidente do STHEM Brasil, Fábio Garcia Reis, “Revolução 4.0, a Educação Superior na Era dos Robôs” (Editora de Cultura), que são as habilidades e competências que as IES devem desenvolver em seus alunos preparando-os para a Educação 4.0, que deverá ser um “aprendizado ao longo da vida (Lifelong Learning) com: colaboração, solução de problemas, liderança por influência, pensamento crítico, agilidade e adaptabilidade, criatividade e inovação, comunicação oral e escrita eficaz, flexibilidade, acesso e análise de informações e visão de negócios em Inteligência Artificial (IA)”.

Por fim, o palestrante defendeu que a Inteligência Artificial, embora ainda muitos setores a vejam com cautela, deve estar cada vez mais nos currículos das IES, e citou uma pesquisa da Accenture, com mais de mil empresas com iniciativas de IA, que mostram que o ser humano nunca vai perder a sua essência e que as máquinas só irão ajudá-lo na capacidade processual melhorando sua performance. “O homem vai finalmente poder exercer suas atividades apenas humanas, de líder, ter empatia, criar, julgar e deixar com as máquinas as tarefas de prever, transacionar, adaptar e interar, em um processo que é chamado de meio campo ausente, onde se misturam atividades híbridas entre humanos e máquinas”.