Nesta sexta-feira (11) o Consórcio STHEM Brasil realizou o 1º Encontro de Ensino Híbrido. “O GT de Ensino Híbrido já nasceu consistente. Fizemos uma pesquisa interna para compreender o ensino híbrido e como estão as instituições. Também enviamos para o Conselho Nacional de Educação (CNE) essa pesquisa e, agora em abril ou maio, pode ser publicada a resolução sobre o tema”, disse o presidente do consórcio, Fábio Reis.

Segundo Fábio Reis, “o STHEM Brasil se posicionou sobre o Grupo de Trabalho de Ensino Híbrido junto ao CNE por ser um movimento coletivo de discussão aberto e muito importante”. Ele também deu uma ótima notícia: “Ano passado éramos 64 consorciadas. Começamos o ano com 66 instituições consorciadas. Lembrando que o início foi de forma espontânea com apenas 11 IES. Cada vez mais espero que nossas IES participem desse movimento, porque não tem como deixar de discutir inovação acadêmica nesse contexto de pandemia e implantar mudanças significativas no ensino superior, sem fazer planejamento, transformações consistentes e muita reflexão”.

“Eu participei das discussões do CNE sobre o parecer que leva em consideração o ensino híbrido, e discutimos a importância das IES desenharem um modelo apropriado e adequado ao seu público”, disse Carla Leticia Alvarenga Leite, da FAESA (Centro Universitário do Sudeste) e membro do GT do Ensino Híbrido. Segundo a educadora, “o ensino híbrido é uma reunião de elementos que já vêm sendo praticados há muito tempo nas instituições. Temos um documento de referência criado pelo Grupo de Trabalho sobre ensino híbrido, um artigo científico para divulgação da pesquisa, estamos trabalhando na organização da segunda pesquisa a partir da primeira, estamos organizando os professores, a divulgação de cases de sucesso das IES participantes, os podcasts e a primeira versão desse evento, que será anual”.

Lilian Bacich, diretora da Tríade Educacional, abordou os “Desafios e Perspectivas do Ensino Híbrido”, os cinco pontos fundamentais do ensino híbrido e de como conectar o presencial ao digital por meio de espaço, lugar, personalização, integração e escolhas.  “Os espaços precisam levar o aluno a usar o digital e a interagir com a tecnologia, não ser passivo. Os alunos precisam ter clareza de seu lugar como protagonista e do professor como mentor, 6% dos alunos ainda entendem que o docente o coloca para agir e que não faz o seu papel. Já a personalização está relacionada a entender que os alunos são diferentes e a instituição precisa pensar em um conjunto de estratégias pedagógicas e didáticas para que se seus alunos se enxerguem nesse processo e os modelos de aprendizagem ativa devem estar nessa personalização. A integração deve ocorrer não só entre estudantes, conteúdos e professores, mas também entre as disciplinas e áreas de conhecimento criando um ensino multidisciplinar. Nas escolhas é preciso um docente com flexibilidade, mindset e compromisso, para ensinar um aluno que não é mais como nós fomos quando alunos”, concluiu.

“O Habitar Híbrido em Ecossistemas de Educação Digital no Ensino Superior” foi o tema de António Moreira, coordenador do Curso de Docência Digital em Rede para Professores do Ensino Básico, Secundário e Superior da Universidade Aberta e colaborador da Direção Geral (DGE) do Ministério da Educação de Portugal no Plano de Transição Digital. “Nós temos de perceber que não é possível trabalhar de uma forma integrada nessa nova realidade, atuando apenas em um ambiente, e isso ficou claro durante a pandemia. Não saber trabalhar em ambientes digitais faz do professor um profissional incompleto. Por isso é importante estar em constante formação e capacitação”, alertou.

António Moreira falou também do Plano de Educação Digital de Portugal, cujo objetivo é a criação de um ecossistema digital, composto por diferentes ambientes de aprendizagem. “O ambiente digital não é só a ferramenta que usamos mas onde habitamos, que hoje são os espaços digitais. Conseguir o equilíbrio entre os locais físicos e digitais é um desafio e dialogar com outras áreas e com outras ciências, como a sociologia, a biologia, a arquitetura, para percebermos os nossos espaços privados é um caminho para construirmos uma nova educação”.

A última apresentação foi o case da Universidade de Sorocaba sobre “Formação Docente: Fator crítico para implementação do Ensino Híbrido” com as apresentações do reitor da Uniso, Rogério Profeta e dos professores Fernando Del Fiol e João Martins.

“Criamos um novo modelo de ensino na Uniso, híbrido, e começamos a implementá-lo em fevereiro desse ano. Desde 2000 capacitamos os nossos professores para mostrar a eles a concepção e a abordagem de um ensino por competências. Trabalhamos os projetos integradores, como peça-chave no ensino por competências, e para que os nossos alunos entendam o que está acontecendo durante o semestre e o que é preciso produzir com o conhecimento desenvolvido. Fizemos estudos de taxiconomia e trabalhos de comunicação clara para ser bem entendidos pelo aluno, com feedback pedagógico e emocional. Estamos trabalhando com metodologias ativas e sempre revisamos cada uma delas. Acreditamos que o professor é um super herói que tem um cinto de utilidades na qual carrega várias metodologias e vai sacar desse cinto de utilidades a que for mais adequada para apresentar e desenvolver o conteúdo e a competência do aluno”, disse Rogério Profeta.

“O aluno chega na Uniso não querendo aprender Engenharia, mas a construir prédios. Nós não queremos que o aluno saiba apenas, mas tenha a habilidade de fazer, aprender e construir prédios diferentes e inovadores. E por essa razão estamos criando há dois anos uma nova matriz curricular e um novo modelo pedagógico baseado em professores, alunos e espaços pedagógicos diferenciados”, explicou o professor Fernando Del Fiol.

Por fim, o professor José Martins trouxe uma reflexão sobre pesquisa e extensão na Uniso. “O maior desafio não é fazer pesquisa nos programas de pós-graduação, mas incorporá-la nos cursos de graduação. Na Uniso a pesquisa entra de uma maneira muito forte nos projetos integradores, onde o aluno poderá praticar de uma forma mais intensa e a extensão, que é a ferramenta que leva ao conhecimento da pesquisa para fora dos muros da universidade e da sociedade como um todo. A pesquisa e a extensão no ensino híbrido da Uniso é feita sempre com algum tipo de supervisão, e dando oportunidades aos alunos com programas de extensão, além de bolsas de estudos, onde são supervisionados por orientadores. Criamos um parque tecnológico dentro da universidade para que os alunos desenvolvam projetos e montem startups e também novos espaços, o que tem contribuído para avançar na ideia de implantar o ensino híbrido”.

Marcia Aparecida Antonio, membro do Grupo de Trabalho do Ensino Híbrido, finalizou o evento mostrando a importância dos conteúdos produzido pelo grupo na Carta de Navegação do Ensino Híbrido, que pode ser acessada aqui.