Com o avanço da pandemia da Covid-19, o Comitê Gestor do STHEM Brasil decidiu, no início de março, realizar o “Panorama das IES consorciadas no contexto da pandemia”, estudo para compreender as estratégias utilizadas pelas IES com seus alunos durante o período de afastamento social e compartilhar o conhecimento adquirido com todos os membros do consórcio. O levantamento, com 14 perguntas, foi aplicado no período de 5 de abril a 5 de maio e, de um total de 52 consorciadas, responderam a pesquisa 46 IES de sete estados brasileiros.

“As instituições de ensino foram amplamente impactadas e tiveram que adaptar seus modelos de ensino para um sistema remoto emergencial. Por isso decidimos realizar esse estudo que apresenta um quando bastante completo da realidade das IES durante a pandemia”, ressalta o presidente do STHEM, Fábio Reis.

Das IES respondentes, 56,5% estão no Sudeste, 30,5%, no Sul, 6,5%, no Nordeste, 4,3%, no Norte e 2,2%, no Centro-Oeste. O perfil das IES é bem heterogêneo: 15 delas têm até 20 cursos de graduação; 18, entre 20 e 40 cursos, e 13, acima de 50 cursos. Um total de 29 IES tem até 30 cursos de pós-graduação lato sensu, e 13 delas, acima de 30 cursos. Na pós-graduação strictu sensu, 25 delas não ofertam nenhum curso, 9 têm até três cursos e 12 oferecem acima de três cursos cada. Em termos percentuais, 100% das IES ofertam bacharelado, licenciatura e cursos tecnólogos; 96% possuem cursos lato sensu e 46% possuem strictu sensu.

As 46 IES juntas contabilizam um universo de 784.917 alunos, sendo que 18 IES têm menos de 5 mil alunos; outras 18 têm entre 5 mil e 10 mil alunos, e 10 delas têm acima de 10 mil alunos. O total de professores chega a 15.279, sendo que 12 IES têm até 150 professores, 14, um total de 150 a 300 professores, e 20, mais de 300 professores. “Isso representa de forma geral uma média de 51 alunos para cada docente. Hoje, no Brasil, há 6,4 milhões de alunos e 210 mil docentes distribuídos nas 2.238 IES privadas”, diz Reis.

A pesquisa revelou que 91% das instituições respondentes oferecem em seus cursos presenciais um percentual de disciplinas a distância, 71% oferecem cursos na modalidade EAD e 9% delas não adotam a EAD. Outro ponto que o estudo procurou identificar foi a experiência das instituições com relação à modalidade a distância: 60% das IES possui mais de três anos de atuação consolidada na modalidade, 30%, menos de três anos de experiência, e 10% não tem experiência alguma com a EAD. “Apesar desses percentuais, todas as instituições consorciadas migraram suas atividades para o ensino remoto emergencial. E, para atingir essa meta, a maioria das instituições indicou como plano o desenho de um novo modelo de aprendizagem, a criação de canais de suporte e a formação de professores. Somente 13% responderam ter replicado o modelo da EAD para o presencial”, relata Fábio Reis.

Na implantação do sistema emergencial de ensino remoto durante a quarentena, a maioria das instituições (83%) adotou em sua metodologia estratégias síncronas e assíncronas. Somente 15% indicaram utilizar somente atividades síncronas e 2% não responderam.  Quanto às estratégias tecnológicas para o desenvolvimento das aulas remotas, a maioria das instituições optou pela utilização de recursos internos e gratuitos. No entanto, 41% informaram ter adquirido algum recurso disponível no mercado.

“Perguntamos também quais plataformas as consorciadas mais têm usado nessa quarentena. Metade das instituições do consórcio utilizam o Google como plataforma de apoio para as atividades remotas. Outro dado interessante é que 26% delas possuem uma plataforma própria para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, e 50% utilizaram mais de uma plataforma”, conta Reis.

As estratégias utilizadas pelas IES para aprendizagem dos alunos em tempos de afastamento social também foram mapeadas. “Várias estratégias foram listadas pela maioria das instituições para promover a aprendizagem dos alunos, mas 100% delas afirmou utilizar as plataformas para interagir por meio de fóruns ou chats. Os alunos também foram convidados a ler material complementar, assistir a aulas dos docentes ou indicadas por eles, resolver problemas, elaborar projetos e atividades dissertativas ou de correção automática”, comenta Reis. Ele destaca, também, que a maioria das IES (91%) utilizou a aula ao vivo como um recurso de aprendizagem, seguida de livros eletrônicos e textos digitais (80% e 74% respectivamente).

Outra preocupação levantada no estudo foi com relação ao ensino remoto emergencial on-line e de que forma as instituições se prepararam para lidar com as questões de falta de acessibilidade de alunos. A maioria delas respondeu que os alunos receberam atendimento educacional especializado por meio de uma área de suporte, mas 24% das IES indicaram que o aluno recebeu o mesmo atendimento que os demais que tinham acesso. A comunicação da IES para o aluno também foi levantada pela pesquisa. “A coordenação de curso foi a que mais impactou o aluno na orientação do ensino remoto, chegando a 100%, seguida pelas redes sociais (87%), e-mail institucional (85%) e intranet corporativa ou ambiente do aluno (83%)”, relata Reis.

Quanto ao corpo docente, 30% das IES responderam que seus professores estavam preparados para o uso de tecnologias associadas ao ensino remoto, mas somente 15% delas disseram ter mais de 80% de seus professores preparados para uso de novas estratégias de aprendizagem. As estratégias de aprendizagem mais adotadas pelos professores para capacitação foram tutoriais e cursos on-line. E a comunicação entre a direção da IES e os professores foi feita por meio dos coordenadores de cursos, seguidos por e-mails institucionais e redes sociais.

O estudo analisou ainda a supervisão de qualidade, o cômputo de presença e permanência dos alunos, as atividades práticas, o sistema de avaliação, os principais aprendizados das IES, o controle de atividades remotas dos professores, as estratégias tecnológicas utilizadas para o desenvolvimento de aulas remotas, os recursos educacionais oferecidos pela Instituição para o desenvolvimento das aulas remotas e, por fim, o levantamento do percentual do corpo docente que estava preparado para as estratégias adotadas nas aulas remotas.

Para ter acesso a pesquisa completa acesse aqui.