O Consórcio STHEM Brasil firmou, em 2020, uma parceria com a B42 – startup de Maringá, no Paraná, reconhecida pela criação de cursos interativos, de alto impacto visual, com foco na experiência do estudante, a partir de recursos tecnológicos próprios, incluindo a acessibilidade -, com o objetivo de fornecer às suas associadas modelagens pedagógicas exclusivas e disruptivas.

Karina Tomelin, psicóloga, pedagoga e atual diretora de Inovação e Qualidade da startup, foi gestora na Unicesumar, onde também fazia parte do Comitê Gestor do consórcio, mas no ano passado saiu da universidade para encarar um novo desafio. “Passei a integrar a B42, constituída de pessoas jovens e motivadas, mas recebi o convite porque faltava na equipe uma pessoa mais sênior. Apresentei a B42 para o STHEM que acreditou no projeto e começou a fazer uma revitalização de alguns cursos de suas consorciadas. Fizemos a transposição de conteúdos que já existiam em PDF e em powerpoint, criamos para esses materiais uma diagramação mais interativa com o uso de vídeos animados (motion graphics), para mostrar aos professores como usar a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) na sala de aula. Esse primeiro projeto resultou em muitos frutos”, lembrou.

O segundo projeto desenvolvido pela B42, de acordo com Karina, “foi um curso exclusivo de competências digitais, com professores renomados que escreveram o roteiro das aulas e fizeram algo inovador, criaram uma linguagem de conceito de universo, onde todos eram convidados a explorar as formações em uma galáxia. Tinha um avatar, um videograma, para ensinar aos professores um conceito de aula mais digital e disruptivo”.

O terceiro projeto, de Inteligência Artificial (IA), é o mais recente, voltado para análise de dados, está em andamento. “O STHEM Brasil busca sempre trazer para os seus associados o que há de mais novo na formação dos professores. Por essa razão, escolheu a B42, para criar projetos onde as aulas têm elementos exclusivos e interativos; onde alunos e professores podem acessar os conteúdos de diversas formas. A acessibilidade dos conteúdos não é apenas feita por links, mas por sistemas de links, ou por QR Code. Criamos fontes exclusivas para pessoas, por exemplo, com dislexia. E usamos também audiobooks. As novas gerações gostam muito de aprender ouvindo podcasts”.

Segundo a educadora, a troca é perfeita. “Produzimos os materiais para o consórcio com custos mais reduzidos e temos a chancela do STHEM nos divulgando, já que somos uma empresa nova, mas que está crescendo e se consolidando no mercado”. 

Modelagem pedagógica

Para Karina Tomelin, apesar da demanda por ensino a distância ter crescido muito durante a pandemia, a B42 cria projetos onde a instituição de ensino superior deve planejar um modelo pedagógico, exclusivo, diferenciado e baseado em sua identidade institucional. “A pandemia tirou o preconceito dos mantenedores, dos professores e dos próprios alunos de que é possível aprender de maneira on-line. Não que o ensino remoto pode ser traduzido como educação a distância e nem como aprendizagem híbrida, mas querendo ou não, apesar da experiência não ter sido tão desenhada como acontece com o EAD, abriu novas possibilidades de fazer e construir aulas de forma diferente”.

De acordo com a educadora, “as instituições que não estavam conectadas com o EAD se viram obrigadas a pensar em uma estrutura on-line, tanto por conta dos 40% que é permitido na presencialidade, quanto para outras possibilidades de criar cursos de extensão e de pós-graduação, que tem um público muito engajado em função da possibilidade de se aperfeiçoar em casa.  Mas o grande desafio é implantar um modelo pedagógico de EAD estruturado, que perpassa pela produção do conteúdo, mas que tenha uma modelagem pedagógica baseada em trazer a identidade institucional da instituição, que reflita suas fortalezas e diferenciais quanto à missão, visão e valores, as diretrizes pedagógicas que estão em seu PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional), PPI (Plano Pedagógico Institucional) e PPC (Projeto Pedagógico do Curso), o perfil do egresso que quer formar, o diferencial  local ou mesmo nacional, no que ela é reconhecida e fazer tudo isso sair do papel, e se materializar”.

Como? “Desenvolvendo uma inteligência, que muitas vezes não está dentro da instituição, para conseguir materializar o que muitas vezes é muito bonito no papel, mas na prática não funciona. Temos de criar uma modelagem, uma trilha, um percurso de aprendizagem que vai ser personalizado para cada instituição. Um exemplo, transformar o uso de e-books, que a maioria das IES oferece em PDF com um Saiba Mais, e criar algo mais interativo, exclusivo, personalizado, de boutique, e que tenha a chancela da instituição para que o aluno tenha uma experiência de aprendizagem única”.

Karina Tomelin citou outro exemplo, de uma instituição que tem em sua modelagem institucional os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). “Os ODS estão presentes no discurso dessa instituição e ela tem vários eventos voltados para o tema. Nós trouxemos os ODS para dentro do material, e criamos uma modelagem exclusiva orientando o professor a fazer vivências com todas as unidades, para estimular os alunos a pensar em um problema e a buscar uma solução por meio dessa vivência, sempre indicando dentro da unidade qual ODS que estava sendo trabalhado”.

Capacitação dos docentes

No entanto, segundo a diretora de inovação da B42, “não adianta falar de uma nova modelagem de aprendizagem, se o professor não entender como todo esse projeto é aplicado na sala de aula. Precisamos dar ao professor um norteador, criar uma modelagem onde o docente identifique também suas fortalezas para trazê-las em sua aula prática”.

Para atender a essa demanda, ela criou uma modelagem de  Live motivadora para capacitação dos docentes. “Eu trabalho muito com a formação dos professores em um modelagem que é o Respira, Inspira, Transpira, Não Pira e Confira. O Inspira tem um frase de impacto; o Respira é o conteúdo a ser estudado; o Transpira eu coloco o professor para fazer algo prático; o Não Pira traz uma problematização para os docentes interagirem entre si e resolverem; e o Confira, eu trago sempre um professor que faz algo diferente em sua aula para compartilhar”.

Segundo Karina Tomelin, muitos professores ainda têm dificuldades de criar essa modelagem disruptiva e o grande desafio é fazer o docente pensar diferente. “Quando se faz uma modelagem mais inovadora, é preciso explicar muito para o professor, porque temos uma herança histórica, ancestral e primitiva que carregamos que é de um saber fazer que não nos deixa pensar diferente. Quando a gente quer criar um conteúdo, a primeira coisa é buscar, fazer o corta e cola, a partir de artigo científico, que fomos acostumados a fazer. Hoje precisamos romper com isso, escrever de uma maneira mais empática, como se estivéssemos conversando com o aluno e não mais na terceira pessoa, de uma maneira muito imparcial. Começa aí o desafio do professor, criar vínculos, não buscar o conteúdo da aula apenas na internet, mas pensar em um design educacional, que é a capacidade de fazer a síntese ou um infográfico de tudo que o professor já viu e já sabe”.

Mas e quando a alegação do docente é de que não há tempo para se criar uma modelagem exclusiva quando o tempo é curto para tantas demandas? “Eu sempre digo a eles que a nossa profissão não vai terminar, que nós vamos ser bem remunerados, que tem muito chão pela frente, mas só para aquele professor que vai sair do modelo tradicional. E aí eu tenho quatro categorias que eu chamo lá do novo professor: o engenheiro da aprendizagem, o arquiteto do saber, o design da experiência e o autônomo autoral. Será um professor que vai usar da sua inteligência para criar recursos para facilitar a aprendizagem; arquitetar, customizar e personalizar conteúdos; criar experiências visuais memoráveis e práticas inesquecíveis para os alunos”.