O Consórcio STHEM Brasil deu início nesta quarta-feira (16) a primeira manhã do 14º Seminário Tecnologia Educacional, evento realizado em parceria com o Semesp e com a MetaRed Brasil com o objetivo de refletir sobre temas importantes relacionados ao uso de tecnologia e propor soluções para a educação superior.

O evento on-line, gratuito e pelo Canal You Tube, foi aberto pelo pró-reitor acadêmico, pesquisador e professor da FIAP, Wagner Sanchez, que falou sobre tecnologias protagonistas, defendendo que as instituições de ensino superior precisam capitalizar um futuro que está cada vez mais presente.

Sanchez apontou que a ideia de pensamento linear não é mais suficiente e que as empresas precisam se renovar e se transformar por meio da tecnologia se elas não quiserem morrer. “As organizações exponenciais são construídas com base na tecnologia, especialmente em um cenário em que as carreiras estão sendo disruptadas e muitas profissões passam por uma automatização”, disse Wagner Sanchez. “Hoje existe uma ideia de delivery de conhecimentos que impacta diretamente no universo da educação, que está sendo transformado pela tecnologia”, acrescentou.

Segundo Sanchez, a tecnologia é a principal impulsionadora das transformações, mas é preciso que as IES mudem seu mindset. “As novas gerações clamam por uma mudança de paradigma, e as IES podem usar as tecnologias como aliada para conquistar esses alunos mais jovens por meio de um ensino disruptivo que aproxima o mundo externo do ambiente educacional”, refletiu ele. “O futuro pode ser incerto, mas o hábito de aprender sempre é o futuro da educação”, concluiu.

Captação e permanência

Dois temas que preocupam as instituições de ensino superior, a captação e a permanência dos alunos, foram debatidos por Daniel Antonucci, CEO da CRM Educacional, e Carlos Eduardo Pinto, diretor Sênior de Experiência do Cliente na América Latina da Anthology. Daniel deu início ao bate-papo destacando a importância de uma solução integrada de captação de alunos. “Quanto mais rápida a extração de dados para a análise das informações e tomada de decisão, melhor para a IES. Mas é preciso que os dados coletados sejam confiáveis”, apontou.

Para Carlos Eduardo Pinto, captar é um processo, mas manter os alunos é uma outra coisa. Em sua fala, ele destacou alguns exemplos práticos de como a IES pode auxiliar seus alunos a concluir sua jornada de ensino. “Não existe apenas um fator de risco, mas uma composição de elementos em que cada caso é um caso”, explicou Carlos Eduardo. “É importante que nós aprendamos a usar os dados coletados. Precisamos começar a analisar melhor esses dados para que as IES possam melhor atender seus alunos e tomar decisões mais assertivas. Só assim as IES aprenderão a ajustar a trilha dos alunos”, pontuou.

IA e Analytics

“Inteligência Artificial & Analytics” foi a 3ª palestra do dia com as participações de Simone de Oliveira, fundadora e CPO da Gomining e Rodrigo Estevam, CEO e fundador Lexp – StudenCare, com a mediação de Betina Von Staa, fundadora da empresa BvStaa Tecnologia & Educação e Consultora da D2L.

Segundo Simone de Oliveira, “não há Inteligência Artificial sem inteligência humana. Hoje fazemos todas as construções necessárias para a aplicação da IA, mas temos de ter um professor para colocar em prática. O professor não só ensina os alunos mas as máquinas”.

Em seguida, Simone citou as áreas onde se é mais usada a IA na educação. “Aplicamos a IA na inovação, para estimular a aprendizagem, facilitar o ensino, mensurar o desempenho dos alunos, perspectivas do mercado, gestão do sistema administrativo, predição de evasão, produção de conteúdo, personalização, gestão do tempo e inclusão”.

Simone trouxe também uma pesquisa feita com 2 mil professores. “As respostas foram bem interessantes. De 20 a 40 horas são usadas por professores em atividades; 13 horas semanais em atividades que podem ser automatizadas; 11 horas por semana em atividades de preparação e 5 horas por semana para atividades administrativas. O estudo mostra também como a IA poderá apoiar a educação até 2030, onde 40% das atividades feitas pelos professores poderão ter o apoio da IA, tais como no progresso do aluno, atividades personalizadas e testes adaptativos, rotas de transporte escolar, contratação de professores, risco de evasão e segurança e como software de reconhecimento facial”.

Por fim, Simone numerou as maneiras que a IA está impactando a educação: classificação automatizada, aprendizado individual, identificação de problemas, automação da rotina do educador, aprendizado globalizado, aprendizado por tentativa e erro, conteúdo inteligente, mineração inteligente de dados e tutoria.

Rodrigo Estevam falou sobre desafios do ensino superior com a aplicação da IA. “As metas de admissão de novos alunos é um grande desafio porque com a pandemia houve uma maior adesão de alunos no EAD. O aumento chegou a 428% e é imprescindível ter agilidade em dar respostas a esses alunos”.

Outro desafio apontado por Estevam é “que as IES precisam dar atenção na potencialização da automação de marketing. Uma estrutura de Analytics bem segmentada pode auxiliar a gestão da captação de novos alunos”.

Estevam citou ainda como a IA pode ser aplicada nas admissões. “Assistente virtual, avaliação on-line, proctoring e machine learning são as formas mais usadas. O assistente virtual vem sendo amplamente usado com eficiência. A correção de provas por meio da avaliação on-line traz ganho de escala. O uso de proctoring, na área de saúde, ajuda a fazer um processo seletivo mais criterioso dos médicos. E a machine learning mostra como entender o comportamento do aluno e como os candidatos se comportam em determinadas regiões ou por diferentes faixas etárias”.

Segurança da informação

A 4ª e última apresentação do dia teve como tema “Segurança da Informação”, com as presenças de Wembley Carvalho, arquiteto de soluções na AWS e de Pedro Neves, membro do Conselho Consultivo da Under Protection.

Wembley Carvalho abordou o aumento crescente dos ataques cibernéticos. “As matrículas em cursos a distância tiveram uma aceleração provavelmente por conta de fatores como a pandemia e a mobilidade urbana. A curva vem crescendo e o problema é que isso traz um aumento de ataques digitais”.

Segundo Carvalho, em estudo recente, “55% das empresas sofreram ataques de Ransoware, que é um código malicioso que obtém acesso não autorizado a dados por meio de criptografia. Os criminosos para liberarem novamente os dados pedem um resgate. A recomendação é não pagar o resgate, porque não há garantia de os dados serem devolvidos. A estimativa de danos e prejuízos das empresas no pagamento desses resgates, só em 2021, ficou em US$ 25 bilhões”.

Para Carvalho a segurança dever ter prioridade máxima. “Não adianta nada priorizarmos novas funcionalidades e ferramentas, e formas de fazer o negócio, sem ser seguro. Temos de ser ágeis e seguros ao mesmo tempo”.

Pedro Neves finalizou o evento dando dicas para as instituições de ensino se protegerem com segurança. “Conheça e avalie os riscos da gestão; compartilhe com o board porque a análise dos gaps não pode ficar guardada na gaveta; conscientize toda a comunidade, ou seja, alunos, professores e colaboradores que precisam ser treinados; teste a capacidade de evitar (anti-phishing), de reagir (detecção) e também de se recuperar (DRP) de um incidente de segurança da informação; troque informações com outras organizações do mesmo segmento (benchmark); verifique sua relação de confiança digital com parceiros; segurança no perímetro não é suficiente quando  o mundo está remotamente conectado e seja exemplo para o time e para as demais equipes”, finalizou.