“Como construir um novo modelo de educação por competências de mercado com foco no Sucesso dos Estudantes” foi a palestra de abertura do segundo dia da 1ª edição da Jornada da Trabalhabilidade, realizada nesta quinta-feira (8) pela edtech Workalove, com apoio do STHEM brasil, e que contou com as participações de Fernanda Verdolin, CEO, founder da Workalove, educadora, empreendedora, coautora do livro “A disrupção do Marketing para as instituições de ensino (2020)” e cocriadora da Metodologia de Sucesso do Estudante, Elzi Campos, psicóloga, PhD em educação de carreira, mestre em competências e co-founder e diretora de pesquisa e aprendizagem na mesma empresa.

“Fazendo uma retrospectiva do que foi falado no primeiro dia do evento, concluímos que o nosso maior desafio como educadores está na urgência da revisão do sistema educacional tradicional para um novo modelo que acompanha a chegada dos novos tempos e a velocidade dessas transformações, que chamamos de a era da trabalhabilidade”, disse Fernanda Verdolin.

Segundo ela, na era da trabalhabilidade, o emprego compartilha espaço com o trabalho e o trabalho representa a potência máxima humana de contribuir com o mundo na superação de seus maiores desafios, ao mesmo tempo em que é possível mudar a sua própria realidade. A CEO da Workalove falou também da importância do diploma:

“Se na era do emprego o diploma foi considerado garantia de sucesso na carreira, na era da trabalhabilidade, em que a imprevisibilidade é a nova regra, o diploma ganha um novo sentido e passa a ser uma âncora, mas não mais suficiente para levar o estudante para onde ele pode e quer chegar. Porque no novo mundo não existe mais linearidade e clareza do próximo passo que garantirá o crescimento na sua carreira. O desenvolvimento profissional agora acontece de forma fluída, constante e em diferentes áreas da vida e da carreira. Por isso muito desse novo mundo é o aprender para a vida toda. É aqui que a educação ganha um novo sentido, em que a conexão com o estudante precisa ser constante e alinhada a seus interesses e aos objetivos de vida e carreira”.

Elzí Campos, mostrou com clareza a comparação da era da empregabilidade com a era da trabalhabilidade.

“Enquanto os nossos pais viveram uma realidade em que as suas carreiras eram construídas de forma linear, hierárquica e com a ocupação de cargos e funções com tarefas previamente definidas, a nossa realidade vai ser representada pela criação de projetos em que as pessoas são mobilizadas para trabalhar em projetos com início, meio e fim, focados em resolver problemas complexos e que demandam um rol muito mais amplo das capacidades de pessoas de diferentes formações e visões de mundo”, diz.

Para ela, outra diferença de gerações é que na época de nossos pais também o foco era o desenvolvimento de produtos que representavam uma economia mais hard. Hoje o foco do consumo é pautado em uma economia mais soft, em que as experiências refletem o que as pessoas querem e precisam, a transformação.

“Enquanto os nossos pais estavam sendo alfabetizados digitalmente, nós estamos totalmente mergulhados na tecnologia, na forma como nos relacionamos, consumimos, aprendemos e trabalhamos. Enquanto eles buscavam um caminho certo, a nossa geração busca um caminho possível”, concluiu.

Elzí lembrou ainda que o emprego não morreu. As organizações continuarão existindo e precisarão de profissionais, mas tanto as organizações como os profissionais já não são mais os mesmos, porque o mundo ao seu redor já não é mais o mesmo.

“Portanto, a ideia de se ter um emprego, onde um modelo mental define que você só tem a possibilidade de atuação em um espaço linear de crescimento, previamente determinado e que te enquadra de forma limitante ainda baseado em apenas algumas de suas potencialidades está sendo revisado e essa revisão foca na ampliação da perspectiva do trabalho que representa a potência máxima humana de contribuir com o mundo  na superação de seus maiores desafios, ao mesmo tempo em que muda a sua própria realidade. Para sair dessa caixa e viver um novo paradigma, os nossos estudantes terão que romper com a visão do mundo do emprego, que ainda é propagada como uma verdade, inclusive para o sistema educacional de hoje”.

A diretora de pesquisa e aprendizagem da Workalove citou ainda dados do Fórum Econômico Mundial, e das competências do século 21.

“As competências são menos técnicas, hards e mais socioemocionais, soft. Considerando a velocidade, a intensidade das mudanças, o estudo aponta que 75% das alocações profissionais de hoje precisarão ser readaptadas para uma realidade cada vez mais digital e demandará que as pessoas revisem a sua própria potência humana. Os dados ainda mostram que pelo menos 13% das chamadas profissões do futuro estão sendo formatadas nesse momento e que 12% das ocupações existentes serão substituídas por processos automatizados e por robôs e máquinas”.

Por fim, Fernanda Verdolin, falou do modelo de sucesso do estudante, capaz de impulsionar a trabalhabilidade dos estudantes, baseado em cinco pilares:

“A partir do autoconhecimento, dar liberdade ao estudante para escolha de seu currículo, a chamada flexibilização curricular; apoiar o estudante durante toda a jornada acadêmica com o programa de vida e carreira, permitindo que eles se auto conheçam, descubram diferentes possibilidades de mercado e criem eles mesmos uma nova identidade profissional;  ofertar um currículo atualizado e alinhado com as exigências do mundo do trabalho; promover uma aprendizagem baseada em projetos de diferentes complexidades e que mobilizem diferentes competências, tendo como foco o desenvolvimento das soft skills; e por fim, que o processo ensino-aprendizagem seja guiado por professores mentores capazes de inspirar, estimular e provocar os estudantes a se auto conhecerem e se capacitarem para gerar renda, trabalho e riqueza, que é a essência do conceito de trabalhabilidade.”, finalizou.