Nessa quinta-feira (26), segundo e último dia do 1º Seminário O Admirável Mundo Novo da Educação Superior em Ambientes Híbridos,foi realizada a Mesa Redonda: Novas Políticas para Novos Desafios na Educação Superior Híbrida, com a participação de Andrea Inamorato dos Santos, pesquisadora consultora nas áreas de Recursos Educacionais Abertos (REA) e Tecnologia Educacional, consultora no Brasil do projeto europeu OportUnidad e membro do STHEM Brasil; Cristina Maria Pinto Albuquerque, vice-reitora da Universidade de Coimbra; e Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE); e mediação de João Otávio Bastos Junqueira, Membro do Comitê Gestor do Consórcio STHEM Brasil e diretor de Relações Institucionais do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob). .

O evento é uma parceria do Consórcio STHEM Brasil com a Universidade de Coimbra e tem como coorganizadores o Semesp, a Universidade Estadual do Arizona, o Instituto Tecnológico de Monterrey e a Unicamp.

“A nova realidade da pandemia é uma grande oportunidade de juntar esforços. O Semesp tem uma série de iniciativas de formação de redes de cooperação entre IES.  O Consórcio STHEM Brasil também prega a sinergia entre essas redes. Talvez se nossas IES se agruparem e juntarem esforços sem pensar na concorrência entre elas, teremos um enorme ganho para a educação superior no Brasil”, disse João Otávio Bastos Junqueira.

Andrea Inamorato dos Santos apresentou pesquisas feitas por  meio do projeto europeu OportUnidad, que congrega 27 países da União Europeia, cujos resultados são disseminados em várias redes para ajudar países a tomar decisões sobre a criação de políticas públicas em relação à educação. “A Comunidade Europeia acabou de publicar o novo Plano Digital de Educação para o período de 2021 a 2027, que tem foco na educação básica mas parte dele foca também na educação superior, analisando dados sobre infraestrutura, coletividade, equipamentos digitais e capacitação de professores”, informou.

Segundo a pesquisadora, o Plano tem quatro pilares para a educação híbrida, com foco na instituição, no professor, nos alunos e na sociedade. “O professor tem todo um leque de metodologias para usar, mas ele tem de fazer uma revisão de suas competências digitais e uma auto-reflexão para a criação de um plano de educação de formação continuada, para que possa ajudar não só a IES onde atua como autoajudar seus alunos”, explicou. Ela falou ainda de marcos da educação que estão sendo usados como guia na Europa, como o Marco da Educação Aberta que trabalha 10 dimensões da educação e o  Marco Di CompEDu com 6 dimensões.

Cristina Albuquerque enfocou os receios das IES e professores em Portugal quanto à formação de seus alunos que foram acelerados pela pandemia. “Quando são impostas mudanças repentinas que não estavam pensadas para as instituições e seus professores são criados alguns fantamas, como o receio da instituição perder sua missão, os docentes não serem mais necessários e substituídos pelas tecnologias e que a proximidade e empatia entre professores e alunos no presencial se percam no ensino remoto”, enumerou.

Segundo a educadora, “a missão da IES, ao contrário, não deve ser alterada, mas pensada de como ser feita de maneira diferente. O professor deve  ser um guia para a emancipação e transformação da alma do estudante, que é um espaço em construção e a proximidade é relativa. Muitos alunos podem estar no ensino presencial mas se sentirem isolados. A empatia precisa ser estimulada no presencial e no ensino híbrido”, ensinou.

Maria Helena Guimarães de Castro fez uma análise do mundo pós-pandemia. “Acredito que os impactos da pandemia só serão superados em 2023/2024 e que teremos anos difíceis e complicados no mundo de trabalho de nossos estudantes”. A especialista em educação com vasto currículo na participação e criação de políticas públicas da educação chamou a atenção para a evasão e o abandono dos jovens brasileiros na educação. “Tanto no ensino privado quanto no público os indicadores da evasão e do abandono são muito parecidos. Em recente pesquisa do INEP, 59% dos alunos de alunos de IES privadas abandonam a graduação antes de concluí-la e nas públicas, cerca de 50%. Nas IES privadas predomina o ensino a distância e quando comparamos nos cursos presenciais e nos EAD os indicadores também são muito parecidos”.

A conclusão que Maria Helena chega é que “independentemente da pandemia, o ensino superior precisa mudar no mundo. Não é questão de financiamento estudantil apenas, porque no Brasil alunos estão abandonando os cursos públicos, e mesmo os particulares com auxílio do Fies e do ProUni.  O problema é a relevância dos cursos, eles não estão encontrando sentido no curso que seguem. A pandemia nos traz uma grande oportunidade de profunda revolução nos currículos do ensino superior e na formação de professores”, alerta.

E conclui dizendo que “é preciso mudar a dinâmica educativa para o ambiente digital, integrando novas ferramentas, pensando em novos currículos e em uma educação híbrida com o uso de pedagogias ativas, promover a disrupção das atividades de pesquisa, além de desburocratizar a regulação e a legislação brasileiras”.

A gravação completa da Mesa Redonda estará disponível no site do STHEM Brasil e também no Canal STHEM Brasil do You Tube.