Deu muito certo a parceria firmada em 2020 pelo Consórcio STHEM Brasil com a McGraw-Hill Education, para uso da Plataforma ALEKS por suas consorciadas como um projeto-piloto. Cinco instituições aplicaram em suas aulas a nova tecnologia e seus gestores foram unânimes em afirmar que a ferramenta ajuda os alunos a melhorar a aprendizagem e seus professores a planejar melhor as aulas e avaliar seus alunos, além de proporcionar um alinhamento no aprendizado de Matemática.

A ALEKS, que significa Avaliação e Aprendizagem nos Espaços do Conhecimento, é uma plataforma de aprendizado virtual que permite que os professores monitorem prontamente o aprendizado de seus alunos, individualmente ou em grupo, e oferece uma série de recursos em um ambiente totalmente virtual ou híbrido, alinhado ao plano de estudo, além de agendar os tópicos de acordo com o plano de estudos e monitorar o progresso dos alunos com base em relatórios. Por ser uma ferramenta virtual, o aluno pode ter acesso 24 horas por dia da semana para reforçar as disciplinas que são difíceis e aprender as que correspondem ao seu curso.

Para o presidente do Consórcio STHEM Brasil, Fábio Garcia Reis, a personalização da aprendizagem é um grande desafio. “O Consórcio STHEM Brasil buscou na ALEKS, plataforma de aprendizagem adaptativa, uma solução para melhorar o engajamento, diminuir a evasão e a repetência dos estudantes. No segundo semestre de 2020 realizamos uma experiência em IES consorciadas e os resultados foram muito bons”.

Fábio Carvalho, professor e coordenador do Grupo de Formação do Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB), em São Luís (MA), lembra que o contato com a Plataforma ALEKS aconteceu concomitantemente ao consórcio STHEM Brasil firmar a parceria. “Recebemos aqui em São Luís a visita do professor Dale Johnson, da Universidade do Arizona, e ao mesmo tempo o consórcio firmava a parceria, mas fomos o primeiro grupo de ensino a fazer uso da plataforma”, lembra.

O UNDB adotou há mais de três anos o modelo Hi-Flex de ensino, um modelo diferenciado de ensino híbrido no qual as disciplinas acontecem mensalmente e não ao longo do semestre. “Cada vez o aluno faz uma disciplina mensal e elabora um projeto ao longo do semestre. Mesmo usando a plataforma Moodle, resolvemos implantar por três meses, em três turmas para nivelamento da aprendizagem dos alunos no ensino da Matemática. Foram cerca de 120 alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Sistemas de Informação e Engenharia de Softwares do primeiro semestre do ano passado, nas escolas de Negócios e Tecnologia, que conseguiram uma evolução de performance de 120%”, conta Carvalho.

Mas o maior ganho, segundo o educador foi com o professor, “que estava acostumado a seguir o mesmo rito do plano de ensino, e com a ALEKS ele percebeu, por meio dos relatórios emitidos de atividades pré e pós-aula com os alunos, que eles não tinham as lacunas de aprendizado que ele achava que tinham. A partir daí o professor passou a usar os resultados para otimizar suas aulas e atender de forma mais eficaz seus alunos”. Quanto às dificuldades, Carvalho disse que a língua inglesa atrapalhou um pouco, mas a instituição adaptou um plug-in para as traduções.

O professor Allan Silva Ferreira, do Centro Universitário Newton Paiva de Belo Horizonte (MG), encarregado de incentivar alunos a fazer uso da ALEKS com a ajuda da professora titular da turma de Cálculo I, Telma Cristina Pimenta, conta que 40 alunos foram matriculados para o uso da ferramenta no segundo semestre do ano passado, como curso de nivelamento para a Matemática. Apenas 30 deles realizaram o cadastro e somente dois alunos concluíram o programa.

“Os nossos alunos, em sua maioria, trabalham durante o dia e estudam à noite. A ALEKS foi apresentada para os ingressantes do curso de Engenharia, aos quais explicamos a importância e a relevância da ferramenta para sua formação acadêmica. No entanto, as atividades aconteceram fora do horário de sala de aula, como atividade extraclasse. Para incentivar a participação dos alunos, oferecemos uma pontuação referente a 5% do total de pontos distribuídos no semestre (5 pontos) na disciplina de Cálculo I, horas complementares proporcionais ao cumprimento do programa, sendo um máximo de 40 horas, monitorias semanais e grupo de WhatsApp para facilitação da comunicação. Mesmo assim a participação foi menor que a desejada, porque muitos alunos alegaram falta de tempo e muitas atividades curriculares para cumprir ao mesmo tempo durante o semestre”, lembra Ferreira.

Entre as dificuldades encontradas pelos alunos, o educador relata “o idioma, inglês e/ou espanhol, que mesmo com a possibilidade de uma tradução via navegador, deixou a desejar porque em diversas situações o assunto ficava descontextualizado e a quantidade de temas dificultou o tempo em que os alunos iriam demandar para cumprir cada módulo”. Nos aspectos positivos, Ferreira descreve que “embora a participação não tenha sido a ideal, a ALEKS tem grande potencial quanto à aprendizagem, ao realizar uma análise quantitativa, em paralelo com o aproveitamento na disciplina de Cálculo I. Os alunos que concluíram 50% ou mais do programa obtiveram um aproveitamento, em média, de 87,8% da disciplina, enquanto que os demais obtiveram, em média, apenas 62,5% de aproveitamento. Acredito que se usarmos nas disciplinas, sem ser como atividade extracurricular, será muito mais eficaz”.

Alexandre Ferreira, coordenador do ciclo básico de Engenharias, e Isaías Goldschmidt, professor das áreas de cálculos de Matemática e Física do Centro Universitário Facens, em Sorocaba (SP), decidiram aplicar o projeto-piloto no segundo semestre do ano passado para um curso em andamento de Química com Agronomia de uma turma de ingressantes. “Dos 51 alunos que começaram, 49 deles terminaram o programa, ou seja, tivemos um aproveitamento de 96%”, disse Ferreira. Segundo o professor Isaías, “embora a plataforma ofereça muitos módulos de aprendizado, o que ajudou no aproveitamento dos alunos foi que ele reduziu em 6 módulos, direcionando só aos tópicos que os alunos precisavam potencializar o aprendizado, e o programa funcionou como atividade extracurricular, individualizando e sanando a dificuldade de cada aluno”. Dos pontos negativos, o professor revelou que a língua inglesa dificultou no início, e que o tempo era curto para as diversas atividades oferecidas pela plataforma.

O professor Reinaldo Washington Moraes da Unifeob, de São João da Boa Vista (interior de São Paulo), afirmou que “a parceria entre o STHEM Brasil e a ALEKS é muito importante porque abre uma porta para conseguir uma solução tecnológica, com custo muito reduzido e subsidiado para a consorciada”. Já o professor Carlos Alberto Collozzo de Souza, responsável pela aplicação da ALEKS, conta que “inicialmente eram 118 alunos inscritos para o projeto-piloto e, ao longo do tempo, em razão do ensino remoto, perdemos alguns alunos e terminamos o ano letivo com 109 alunos”.

Na Unifeob foram duas etapas para o uso da ALEKS. “Alunos do módulo 2 das Engenharias Civil, de Produção e Mecânica fizeram uso da plataforma para nivelamento de aprendizagem de Matemática Básica (Fundamentos e Álgebra) e a turma do módulo 4, de Engenharia Civil, fez o uso para nivelamento de aprendizagem de Cálculo Integral (pré-cálculo), ambas no período de agosto a dezembro”, diz Souza. O educador ressalta também que no módulo 4 foi muito importante o aprendizado individualizado. “Recebemos nessa turma encanadores, serventes de pedreiros, alunos mais velhos que optaram por estudar Engenharia e a inteligência artificial da plataforma proporcionou a eles um aprendizado customizado na Matemática, permitindo um nivelamento da turma”. Ele destaca ainda que a ALEKS ajudou muito os professores. “Os gráficos de desempenho dos alunos ajudaram os professores a montar um plano de aula mais direcionado às defasagens de aprendizagem dos alunos, e a avaliação foi muito melhor”.

Para o professor dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura do Centro Universitário do Pará (Cesupa), em Belém, Manoel José dos Santos Sena, o fundamental para o bom uso da ALEKS foi treinar os professores e montar seis módulos de aprendizado de Cálculo I, produzir um tutorial para facilitar o uso pelos alunos e os incentivar a participar com pontuações. “O objetivo foi usar a ALEKS no segundo semestre do ano passado como ferramenta de reforço na aprendizagem de Matemática, em duas turmas. A primeira com 27 alunos de Engenharia Civil e em pré-cálculo de física aplicada, e a segunda com 23 alunos, também de Engenharia Civil, mas em resistência dos materiais”, explica.

Segundo Sena, os alunos não encontraram dificuldades com o idioma e tiveram aproveitamentos de 50% e 70%, respectivamente para cada turma. “Concluímos que as ferramentas de gestão são muito boas para uso dos professores, e que personalizar as atividades de aprendizado de forma automatizada é atraente, mas a Interface para o gestor precisa ser melhorada. Também que seria mais produtivo se aplicássemos na disciplina de Matemática de cursos iniciantes durante o primeiro semestre. Notamos que o engajamento dos estudantes foi prejudicado pela falta de sincronia com o conteúdo estudado no semestre, mas também pelo afastamento das atividades presenciais durante a pandemia”, afirmou.