Nessa terça-feira (4) aconteceu o segundo webinar da série de quatro realizado pelo Semesp, em parceria com o Consórcio STHEM Brasil, sobre o “Cenário do Ensino Superior no Mundo Atual: como as IES do mundo estão se organizando em tempos atuais”, com a participação do presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE) e professor na Universidade de Brasília, Joaquim José Soares Neto.

Para o presidente da CES/CNE há questões de suma importância que precisam ser aprimoradas: “a normatização, o credenciamento, o recredenciamento, a avaliação e autoavaliação das IES privadas e públicas na educação superior, que têm um papel muito importante e estão centralizadas como papel do Estado”.

O educador convidou os participantes a fazer uma reflexão sobre o atual momento de pandemia e a educação superior, não apenas olhando o Brasil, mas o mundo como um todo. “A educação superior, as pessoas e as instituições brasileiras são muito importantes no sentido de criar conexões com outros países, culturas, e de outras formas para pensar o mundo, a educação e o desenvolvimento da tecnologia”, disse.

Em seguida, Soares Neto mostrou um quadro de evolução do ensino superior em uma perspectiva histórica, e apontou caminhos otimistas para o país, pós pandemia. “Os problemas aparecem, os momentos de dificuldades servem para que repensemos, mas não tenho a menor dúvida que após as dificuldades, se abrirão novas perspectivas de desenvolvimento para o ensino superior no Brasil”.

Segundo Soares Neto, pós-pandemia, “o mundo vai voltar a crescer e para isso precisará ter mais pessoas formadas no ensino superior. As instituições terão de refletir sobre os perfis dos novos profissionais e será necessário estimular o conhecimento do presente de uma forma mais nacional e regional, estabelecendo entre as IES uma relação de reciprocidade. E esse aspecto não está sendo explorado pela educação brasileira, nem pelas IES privadas e nem públicas”, alertou.

Outro aspecto apontado por Soares Neto foi a extensão. “Na minha visão a extensão não é muito explorada aqui. Nos Estados Unidos os institutos de tecnologia têm um papel muito forte em pesquisa de ponta e no desenvolvimento de soluções de problemas. Uma instituição tem dentro de si todos os elementos para esse desenvolvimento, primeiro a legislação, segundo a estrutura que coloca junto alunos ávidos por aprender e professores detentores de conhecimentos e capacidades para desenvolverem, juntos, soluções para problemas existentes. E uma instituição em uma determinada região do Brasil é muito importante para desenvolver essa região”, salientou.

Soares Neto abordou também o processo de avaliação e autoavaliação das IES. “A avaliação feita hoje pelo Inep acaba sendo apenas para os processos de regulação e supervisão. No entanto, o processo e a missão da avaliação não foram cumpridos em sua integridade até agora e isso é uma necessidade. As IES têm um grande papel no desenvolvimento social, ambiental, econômico, tecnológico do país, e precisam se diversificar e tomar caminhos próprios, dentro de projetos e em sua missão. E a avaliação deve ser um instrumento para motivar e dar vazão a essas necessidades, sem punir as IES”.

O especialista da CNE citou ainda a necessidade de pensar a regulação de uma forma mais simples. “O Estado tem um papel importante na educação superior, mas temos de transformar o sistema regulatório para ter condições de diversificação na base instalada. Nós temos de trazer um processo em que as IES vão pensar muito mais no desenvolvimento do que em toda a estrutura burocrática. É preciso atuar para proteger as IES que estão fazendo um trabalho sério. Temos de simplificar o processo e proteger as IES que trabalham seriamente”.

Ele também lembrou do papel do Enade. “Eu sou favorável porque a sociedade brasileira dá muito valor aos exames. O Enade precisa trazer a metodologia e a tecnologia e ser referenciado em normas. Temos de pensar de forma amadurecida como uma perspectiva de motivação para o aluno fazer o exame com cuidado e carinho e sem punição e isso será positivo para a IES”.

Sobre o financiamento estudantil, o educador apontou novos caminhos para as instituições, além do ProUni, do Fies e de outros financiamentos governamentais. “O financiamento ao aluno de baixa renda é um pilar muito importante, mas eu colocaria como desafio para as IES buscar outras formas de  financiar a educação superior. É hora de colocar um problema que já havia sido levantado nos Estados Unidos e no encontro de Paris, que é a questão da sustentabilidade e do meio ambiente nos países, que  vai exigir muita inteligência e organização. E as IES de educação superior têm em sua missão a estrutura para poder participar desse processo e, com isso, poder obter financiamentos a nível local e internacional para projetos ambientais”, finalizou.

A série de webinares Cenário do Ensino Superior no Mundo Atual prosseguirá nas próximas terças discutindo o cenário atual da Europa e da Índial.  Saiba mais aqui.