Após a abertura do VIII Fórum Internacional de Inovação Acadêmica, realizado pelo Consórcio STHEM Brasil, com apoio da Unifenas, José Escamilla, diretor associado do Instituto para O Futuro da Educação, do Tecnológico de Monterrey, detalhou dados de pesquisa para mostrar como estão os níveis da educação tecnológica e digital da universidade mexicana.

“Em março de 2019, nós estávamos acabando de coletar dados de entrevistas abertas e diretas para um estudo que fizemos com diretores acadêmicos e professores universitários, de 7 universidades da América Latina, de 6 países diferentes, sobre o uso de tecnologias no ensino superior. O que percebemos como principais obstáculos foram falta de conectividade, estrutura e capacitação dos docentes. Três em cada quatro docentes não se sentem preparados para usar novas tecnologias em sala de aula, sendo que 37% dos entrevistados não têm plano de capacitação nas universidades em que atuam e 55% informam que o plano de capacitação é pouco ou nada efetivo”, enumerou Escamilla.

A partir desse estudo, segundo o educador, foram constatadas 4 realidades: é preciso fechar a brecha digital de instituições da América Latina dando mais acesso a internet e tecnologias, além de desenvolver as competências digitais de seus docentes; incorporar novas tecnologias nessas IES, fomentar a internacionalização e a colaboração, e olhar para o futuro fazendo diferente com o uso de tecnologias. “Com essas constatações surgiu O Instituto para o Futuro do Ensino Superior”.

Escamilla conta também que a partir da pesquisa, descobriu-se que “90% dos investimentos públicos são direcionados para a educação básica, correspondente ao ensino médio no Brasil, e que somente 10% fica com o ensino superior e para o ensino ao longo da vida. É muito pouco, porque até 2030 cresceremos 39% e teremos 350 milhões de alunos, sendo 10% deles incorporados na América Latina. Não vamos conseguir fazer a mesma coisa com esses parcos recursos governamentais”.

Com esses dados, o instituto ainda percebeu que, durante a pandemia, a tecnologia educacional cresceu  muitas vezes mais do que era previsto e que a educação ainda é pouco digitalizada. “Criamos o instituto com 4 pilares, e princípios norteadores para a educação do futuro: educação acessível e fiel aos seus propósitos, com foco pedagógico e tecnológico que sejam mais adequados; educação relevante e responsiva, para satisfazer as necessidades das pessoas e responder às mudanças na indústria e na sociedade”. E, a partir daí, focar em 3 áreas importantes para o futuro do ensino superior: uso da inteligência artificial e ciência de dados, neuroeducação (uso da neurociência aplicada na área de educação) e a importância de se aprender ao longo da vida.

No entanto, segundo Escamilla, há paradigmas para serem resolvidos, como cobertura e inclusão, eficiência e pertinência do ensino superior e desafios como melhoria na aprendizagem; desenhar sistemas eficazes de educação, baseados em aprendizagem ao longo da vida, e educação acessível para que todos possam pagar e em todos os segmentos”.

Foi então que o Instituto O Futuro do Ensino Superior criou 3 pilares:

  • Plataforma aberta (Observatório.tec.mx) para criação de inovações, que serão repassadas para a sociedade em forma de empreendimentos;
  • Conexão com agentes incentivadores e criação redes de cooperação e consórcios para as transformações;
  • Compromisso com IES para desenvolver ecossistemas com parceiros e, assim, melhorar a qualidade da educação.

E desde então, o instituto têm 5 desafios e um sonho:

  • Fazer pesquisas para gerar conhecimentos, inovações e transferências para a sociedade e disseminar os conhecimentos por meio de eventos como a 9ª edição do Congresso Internacional de Inovação Acadêmica que acontecerá de 16 a 18 de janeiro de 2023
  • Fazer relatórios de acessos à plataforma. O último mostrou que mais de 3 milhões de professores passaram 4m32s on-line nos conteúdos gratuitos.
  • Enviar convites para instituições e docentes do mundo todo para enviar trabalhos e participar dos eventos.
  • Criação de um laboratório de pesquisa e excelência, com o uso de inteligência artificial, ciências em dados, aprendizagem ao longo da vida, e grupos de pesquisa para um olhar mais holístico.

Escamilla detalhou também os grupos criados dentro do Instituto. “Temos Grupos interdisciplinares que são responsáveis por apresentar artigos e pesquisas, gerar citações, e produzir projetos que tenham impacto na vida das pessoas, gerem propriedade intelectual em termos de tecnologia e empreendimentos. Outro que cria ferramentas tecnológicas para que todos desenvolvam a macrocompetência e desenvolvimentos mais complexos. E o Educação STEM, com um olhar para outras disciplinas como artes, humanidades, engenharias, sempre pensando em sustentabilidade e com soluções para os problemas que causamos ao meio ambiente”.

Por fim, o diretor do instituto convidou os participantes do fórum a conhecer programas como o IFE Launch (de aceleração de startups), participar de pesquisas sobre a qualidade dos laboratórios Data Hub e o Living Lab (on-line e flexíveis),  inscreverem trabalhos na Edtechexplora.com (programa de incubação para empreendimentos educativos), concorrerem a prêmios em dólares no TPrize, que está em sua 3ª edição, com o objetivo de crias soluções tecnológicas e aproximar empreendedores de investidores (em 2021 foram 15 participantes inscritos do Brasil) e da rede de cooperação de universidades da América Latina e Caribe, a RIE 360. “Nós queremos criar o futuro do ensino superior e da aprendizagem ao longo da vida para melhorar a vida de pessoas ao longo do mundo”, concluiu.