O pesquisador uruguaio, consultor e professor especializado em temas de educação superior, Claudio Rama, fez a palestra de abertura deste segundo dia do 1º Seminário O Admirável Mundo Novo da Educação Superior em Ambientes Híbridos. Ele abordou o tema O Avanço do Ensino Híbrido e sua palestra foi acompanhada remotamente por centenas de participantes de vários países do continente americano, da Europa e da Austrália.

O evento é uma parceria do Consórcio STHEM Brasil com a Universidade de Coimbra e tem como coorganizadores o Semesp, a Universidade Estadual do Arizona, o Instituto Tecnológico de Monterrey e a Unicamp.

Claudio Rama destacou que ao longo da história a educação sempre demonstrou sua capacidade de retroalimentação para permitir “uma permanente diferenciação de modalidades e tecnologias como parte do seu desenvolvimento”. Nesse sentido, segundo o palestrante, a educação híbrida traz uma diferenciação importante “ao transitar de uma aprendizagem unimodal para uma aprendizagem  multimodal”.

“A educação híbrida encerra uma nova dinâmica multipedagógica que é parte da diferenciação institucional da educação, que com o uso da tecnologia digital permite uma interação sincrônica entre texto e imagem, criando diferenciação de várias modalidades didáticas, e que são resultado também de uma demanda de flexibilidade existente hoje no mundo pós-pandemia”, afirmou o pesquisador.

Lembrando a importância dos avanços registrados ao longo do tempo nas próprias metodologias presenciais, como o estímulo ao trabalho de autoaprendizagem em bibliotecas físicas ou virtuais, a educação a distância, o uso de plataformas MOOC, assim como trabalhos colaborativos de forma sincrônica entre os estudantes, Claudio Rama destacou a atual combinação de atividades sincrônicas e assincrônicas, como por meio de vídeo conferências ou em laboratórios digitais em rede e articulação de dinâmicas digitais diferenciadas.

Ele destacou também como elemento central do ensino híbrido a adoção das tecnologias pedagógicas informatizadas de forma integrada através da terceirização, no aspecto da tecnologia utilizada, desde MOOCs como o Cursera, até o Zoom largamente usado atualmente.

“A convergência de diferentes metodologias e mecanismos on-line e off-line define a educação hibrida como uma nova educação, que usa a tecnologia como ferramenta pedagógica para atingir o aprendizado, em um cenário que exige adaptação da estrutura dos currículos para completar a utilização das várias técnicas coo forma de alcançar esse objetivo”, destacou.

Claudio Rama lembrou que na maior parte das instituições o enfoque educativo “ainda está centrado na transferência de informação, com ausência de uma visão curricular que leve em consideração que os objetivos não podem seguir as mesmas metodologias e tecnologias usadas até agora, o que representa uma limitação para a formação dos docentes e dos estudantes”. Mas para o pesquisador, “a maior limitação está nas dificuldades de  conectividade, que é desigual por questões sociais e econômicas, sem contar que temos também as limitações dos marcos legais, que não facilitam a flexibilização das atividades com uso de novas tecnologias. Segundo Rama, “por sua rigidez, essas limitam grandemente a educação que se apoia no desenvolvimento tecnológico”.

Para Rama, “os componentes presenciais, de alguma forma, também são parte complementar da educação híbrida, que consegue estruturar uma relação mais simbiótica entre tipos de tecnologias e objetivos pedagógicos, principalmente após a pandemia, com a irrupção da sincronia como modalidade virtual para a educação”.

Ele alertou, porém, que muitas vezes a educação digital sincrônica se limita a transmitir informação, quando a educação precisa de atender aos particularismos dos estudantes e das atividades de trabalho, com a adoção de processos diferenciados para cada dinâmica educativa. ”Precisamos buscar modalidades tecnológicas diferenciadas para atender a diferentes demandas educacionais, com o uso de uma paleta de pedagogias e de tecnologias multicurrículo, multimodalidades, que é ampliada à medida que aparecem novas oportunidades na dinâmica educativa, como o uso da realidade aumentada, ou da holografia, por exemplo”, afirmou.

Destacando que cada vez mais a adoção do ensino híbrido será baseada no uso das redes, “para permitir maiores possibilidades de acesso e menores custos”, o palestrante reafirmou seu entendimento de que essa modalidade deverá prevalecer  na educação, na medida em que ela “integra um conjunto de tecnologias que tínhamos antes, que temos agora e que teremos no futuro”.

A gravação completa da palestra estará disponível no site do STHEM Brasil e também no Canal STHEM Brasil do You Tube.