“Sala de Aula: a futura sociedade em um laboratório” foi o tema da mesa-redonda que encerrou o 2º dia do seminário “O Admirável Mundo Novo – na vanguarda de uma sociedade em mudança”, com a participação de João Otávio Bastos Junqueira, membro do Comitê Gestor do Consórcio STHEM Brasil, diretor de Relações Institucionais do Semesp e executivo de Redes e Parcerias na UNIFEOB; Dale Johnson, diretor de Inovação Digital da University Design Institute da Universidade do Estado do Arizona (ASU); Elsa Beatriz Palacio Corral, diretora de Inovação Educacional e Aprendizagem do Tecnologico de Monterrey e João Ramalho-Santos, biólogo e professor catedrático do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra.

“O Brasil tem baixa empregabilidade. Em outros países, para cada ano de escolaridade há um aumento de 15 mil dólares no PIB do país. No Brasil o aumento é de apenas 500 dólares. A discussão dessa mesa redonda, e a questão da inovação vai ser muito importante já que a tecnologia pode ser uma grande aliada da aprendizagem, mas não é tudo. É preciso descobrir quais problemas acontecem que são dependem somente da tecnologia, mas da competência humana”, disse João Otávio Bastos Junqueira.

Dale P. Johnson mostrou como as transformações tecnológicas podem mudar o professor e entregar um ensino individualizado para cada estudante. “Hoje 45% dos nossos alunos estão on-line. A tecnologia está mudando os estudantes e a forma deles verem a educação, e cada um têm necessidades únicas. A tecnologia nos ajuda a fazer uma educação individualizada e diferenciada, por essa razão os nossos professores precisam deixar de ser palestrantes para serem líderes”.

Para Dale, “as transformações tecnológicas afetam as relações e os estudantes esperam interações em todos os sentidos. Precisamos pensar nas ideossincrasias únicas de cada estudante. Na ASU usamos um programa chamado Alex para responder perguntas fundamentais. Essa plataforma pode identificar qual o nível de conhecimento de cada estudante. Temos estudantes que não sabiam nada de álgebra e saíram do 0% para 100% de aproveitamente no aprendizado. Isso nos mostrou que estudantes aprendem melhor com uma educação interativa, ativa e não passiva. E os professores precisam ser os líderes dos estudos interativos indo em busca de uma equipe multidisciplinar para não só dar suporte para a transformação digital como melhorar o modelo de ensino para expandir o aprendizado do aluno”.

Beatriz Palacios falou sobre a customização do ensino. “Conseguimos avançar após a pandemia, estamos indo para frente, as pessoas ficaram convencidas de que é possível aproveitar a tecnologia para muitas interações e para o aprendizado. Mas ainda temos muito a ser feito. A customização do aprendizado precisa ser olhada de perto e com outras tendências, como a saúde mental e o bem estar das pessoas. A tecnologia nos ensina a criar a aula do futuro, mas podemos usar a tecnologia para fazer tudo diferente. Os professores precisam ficar alinhados com o seu método de ensino mas cada universidade tem um perfil, é preciso fazer o alinhamento do suporte da tecnologia com a necessidade física e mental das pessoas”.

Segundo a educadora, as novas salas de aula do futuro poderão utilizar a realidade virtual e a inteligência artificial como ferramentas para mudar a educação, mas é preciso criar novas realidades para diferentes alunos com diferentes necessidades. “Temos os assistentes virtuais, os assistentes digitais, os chat bots que vão decifrando necessidades de aprendizagem dos alunos e criando respostas focadas do que precisam aprender. Na Tec de Monterrey temos o Professor Atom, um assistente virtual, que acompanha o professor durante a sua aula e o ajuda a resolver dúvidas dos alunos durante a aula. Precisamos fazer mais, explorar o aprendizado imersivo, com a Inteligência Artificial, para traçar diferentes trajetórias de aprendizagem para os nossos alunos”.

João Ramalho-Santos enfatizou que cada carreira precisa se afinar com várias outras especialidades e que o professor tem papel preponderante nesse caminho. “O papel fundamental do professor é encontrar curadoria para as dificuldades de aprendizagem de seus alunos. A diversidade é o caminho, incluir pessoas que tenham capacidades diferenciadas em diferentes áreas e que possam nos ajudar no processo de aprendizagem. O aprendizado precisa humanizar o indivíduo, fazer as pessoas se conhecerem nas diversas áreas do conhecimento, trazê-las para dentro das discussões. E tudo isso não tem a ver apenas com tecnologia, mas fazer as pessoas falaram entre si e aprenderem. Todo o aprendizado é voltado para a história das pessoas e é possível mudar como fazemos as coisas, mas é preciso antes tentar fazê-las”, concluiu.