Dando continuidade às discussões do primeiro dia, nesta quarta-feira (17), do 2º Seminário O Admirável Mundo Novo da Educação Superior, evento realizado de forma virtual pelo Consórcio Sthem Brasil, uma mesa redonda debateu o papel das universidades como agentes de mudança. O vice-reitor Inovação do Tecnológico de Monterrey, Joaquín Guerra, e o ex-reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, debateram o tema.

Joaquín Guerra começou sua fala destacando que as instituições de ensino superior têm o desafio de não só mudar a sociedade, mas mudar também internamente, repensando o futuro da educação superior. “As IES precisam ter em mente que, atualmente, elas formam profissionais para trabalharem em empresas que ainda não existem, para usarem tecnologias que também ainda não foram criadas e para resolverem problemas futuros que não sabemos quais são. E isso é o grande desafio da educação porque precisamos formar esses profissionais para um futuro altamente incerto”, pontuou.

Segundo ele, para que isso aconteça, é necessário que as IES tenham um entendimento maior do atual cenário da educação, com o ingresso de estudantes de novas gerações que são nativos digitais e demandam novas formas de aprendizagem que possibilitem mais vivências. “Há uma necessidade de inovação no modelo educativo, com uma aprendizagem mais personalizada para o desenvolvimento de competências. É preciso construir IES que permitam o desenvolvimento dos alunos nesse futuro incerto, mas como fazer isso em meio a docentes educados no século XX e alunos que nasceram no século XXI?”, questionou. “A resposta é nos movendo para o século XXI por meio da inovação e transformação digital”, respondeu.

“O momento de fazermos essas mudanças é agora antes da próxima crise”, decretou Guerra. “Temos que nos antecipar aos problemas. As instituições de ensino superior precisam deixar de lado um modelo padronizado que impõe o que os estudantes devem estudar para se tornarem instituições de aprendizagem superior, com um foco no próprio estudante”, defendeu.

Marcelo Knobel concordou com Joaquín Guerra e acrescentou que as IES devem aproveitar os desafios atuais para criar oportunidades. “O mundo já está mudando e não estamos percebendo”, avaliou. “As instituições de ensino precisam encarar a realidade de que, atualmente, já é possível adquirir conhecimento de formas diferentes. Elas deverão se adaptar a essa nova realidade de mundo e mercado de trabalho. Infelizmente, as IES ainda exploram muito pouco em seus currículos a ideia de competências e habilidades. Isso precisa mudar”, decretou.

Segundo Knobel, a transformação do currículo acadêmico é um dos passos que devem ser tomados. “Ainda somos muito conteudistas e temos excesso de horas-aula. O currículo acadêmico deve ser mais flexível, buscando se aproximar mais da realidade dos estudantes e dos novos profissionais. Eu concordo que nosso principal desafio é nos preparar para formar cidadãos e profissionais para um mundo que ainda não sabemos como será”, declarou.

Após as apresentações dos participantes, o presidente do Consórcio STHEM Brasil e diretor de Inovação e Redes de Cooperação do Semesp, Fábio Reis, promoveu um debate entre eles.