O segundo workshop do 2º módulo da VIII Semana de Formação de Professores do STHEM Brasil teve a participação de Mildred López, design de cenários enriquecidos com tecnologia do Tecnologico de Monterrey, que abordou os desafios na área da saúde e os respectivos cenários e usos da tecnologia, além da adoção de modelos híbridos pela instituição durante a pandemia.

“Quando começou a pandemia a educação não foi uma exceção, a área de Medicina e de saúde também sofreu e em um nível muito mais complexo. Naquele momento acreditava-se que os profissionais iam fazer um horário extensivo de trabalho, atendendo pacientes e seus familiares de uma forma contínua para que ninguém ficasse sem atendimento, mas a mentalidade era que a pandemia ia acabar em um mês. Mas passados quase dois anos, a situação está insustentável e precisamos fazer mudanças urgentes”, alertou Mildred López.

A primeira proposta levantada pela educadora foi o uso das tecnologias. Por meio da plataforma Menti (https://www.menti.com/), ela usa em sala de aula e permite que seus alunos fiquem conectados e respondam aos desafios colocados. “Por meio da Menti eu analiso a participação deles e como está a aula e ainda descobri as principais barreiras enfrentadas por eles durante a pandemia. Muitos não queriam mostram a casa porque moravam em locais apertados, com muitos familiares, tinha muito barulho ou ainda por questões de estética, estavam com problemas de saúde e não queriam que ninguém os visse no vídeo”, comentou.

Em seguida aplicou o uso da plataforma Jamboard  (https://jamboard.google.com), fazendo uma pesquisa de quais foram as principais barreiras enfrentadas pelos docentes presentes na transição do ensino presencial para o on-line. Entres os desafios mais apontados foram: distanciamento dos estudantes, acesso a internet, gestão de tempo, domínio das ferramentas tecnológicas, fazer atividades práticas de Medicina, manter o foco e atenção dos alunos, atender as dificuldades de aprendizagem dos alunos, criar estratégias e metodologias para manter o aluno ativo, desenvolver trabalhos da academia em grupos de professores para facilitar a aprendizagem, montar equipe de assessoria para atender o aluno, entre outros.

Mildred López enfatizou que “investimentos em tecnologia não são tão importantes e não são tudo para uma instituição e que é a capacitação do professor é muito mais relevante porque os estudantes de hoje são muito diferentes das versões de 15, 20, 30 anos. O professor não pode mais controlar o aluno, precisa aprender a negociar com ele.  São alunos nasceram e cresceram em outro contexto sócio-cultural, e têm acesso digital, questionam o que está acontecendo em países distantes. Isso permeou até a posição política, os interesses e o idealismo que os alunos apresentam sobre diversas polêmicas discutidas em sala de aula”.

Para atender e assessorar seus alunos, o TEC de Monterrey desenvolveu modelos de ensino híbrido baseados na aprendizagem por desafios, em modelo digital, mas que em determinado nível tem presencialidade, dependendo de onde está o aluno e o professor e dá a opção do aluno participar do presencial ou não, e mesmo o aluno que está no presencial pode se conectar digitalmente por meio da plataforma Zoom ou falar por chat, havendo casos também em que a sala de aula pode estar metade presencialmente e a outra metade remotamente.

Como a universidade tinha problemas de infraestrutura para desenvolver modelos híbridos, com muitos campi espalhados por todo o México, foram priorizados quatro elementos: conteúdo e currículo; práticas de ensino e aprendizado; tecnologia e infraestrutura e colaboração.

“Demos total atenção a infraestrutura e tecnologia fazendo  grandes investimentos em dinheiro, com capacitação para que os nossos profissionais  identificassem soluções para produtos específicos, não só para a área de Medicina e tivemos bons resultados com ferramentas como Zoom, Google Meet, Teams, sendo que alguns professores criaram canais, outros foram gravar vídeos para o Tik Tok, e várias ferramentas foram dirigidas para a saúde, ginecologia e obstetrícia e começaram a alcançar outros professores e outros alunos”, contou Mildred.

Na colaboração, o TEC promoveu fóruns de discussões e debates de uma forma leve e engajadora. “Antes em um fórum o debate era obrigatório e até monótono. Tivemos durante a pandemia algumas experiências de sucesso e conexões e muito mais humanas, como pessoas e não como profissionais. Quando queríamos colocar um assunto mais científico, perguntávamos aos alunos, quem gosta de cachorrinho, quem gosta de futebol, quem gosta de ler, e esses passatempos passaram a ser um espaço comum para a conexão com os estudantes e a partir daí nós conseguimos nos integrar como uma verdadeira comunidade educacional”.

No momento a universidade trabalha com a colaboração em redes e faz pesquisa para levantar os mandamentos para melhorar o ensino na área da saúde. Quando aplicado por Mildred com os cerca de 50 professores que participaram do workshop as respostas foram: entender as individualidades de recursos e possibilidades oferecidas pela instituição para professores e estudantes; ter persistência, autonomia, flexibilidade, resiliência; colaboração entre professores e professor-aluno; cursos e tempo para treinamento de novas técnicas de ensino e aprendizagem; múltiplos ambientes de aprendizagem para desenvolver competências nos professores para atuar na cultura digital; redes colaborativas entre professores; disponibilização de um programa de desenvolvimento docente em novas tecnologias e compartilhamento de boas práticas.

Por fim, Mildred López enumerou como filosofia organizacional, planejamento institucional e plano de inovação educativa do TEC,quatro pilares: gestão dos recursos de infraestrutura; enfoque nos usuários e nas novas tendências de ensino e aprendizagem, processos de avaliação contínua e, principalmente, desenvolvimento do capital humano.