O terceiro webinar da série Cenário do Ensino Superior no Mundo Atual foi realizado nesta terça-feira (11) pelo Semesp, em parceria com o Consórcio STHEM Brasil, e contou com a participação de Pankaj Mittal, secretária geral da Associação de Universidades Indianas e comissária nacional da Rangers at Bharat Scouts and Guides. O objetivo da série é registrar como as IES do mundo estão se organizando nos tempos atuais em que os países enfrentam a pandemia da Covid-19.

A especialista em educação indiana contou que a Índia tem 70 mil estudantes, matriculados em cerca de 1 mil universidades e 40 mil faculdades, e em função da pandemia o país precisou readaptar totalmente o seu sistema de ensino, que era presencial, para o remoto, e criar novas diretrizes educacionais, já que a política educacional era de 1986. “A pandemia afetou a nossa política nacional de educação. Nós fechamos todas as instituições de ensino presencial em 2020 e a estrutura não estava pré-estabelecida para aulas remotas. Muitos estudantes não tinham computadores para acessar a internet e nem banda suficiente. A Índia é um país muito grande, temos uma divisão digital onde as universidades de elite têm infraestrutura estabelecida, mas as de menor porte não. Os nossos professores, grande parte deles, nunca tinha dado uma aula on-line e os estudantes não sabiam estudar de forma remota”, lembra.

Segundo Pankaj Mittal, a primeira medida tomada pela Índia foi aumentar a infraestrutura das IES de uma forma drástica. “Todas as IES começaram a implantar a internet, equiparem com computadores professores e alunos. E os nossos professores se adaptaram muito rápido e aprenderam a ensinar via plataforma remota. Na medida que a pandemia se expandia continuamos na forma remota. Na primeira onda da pandemia, fizemos exames on-line. Mas nem todos os estudantes puderam estudar on-line”, rememora. A segunda medida foi firmar uma parceria com o Reino Unido. “Implantamos uma plataforma com diversos cursos on-line, em inglês, nas quais os professores aprenderam a estruturar suas aulas para manter os alunos entretidos e engajados, o que é difícil no ensino remoto”.

Outro ponto importante, segundo Pankaj Mittal, foi cuidar da saúde mental dos alunos. “Os alunos estavam em casa, não podiam falar com seus amigos e ficavam muito sozinhos. Fizemos muitas sessões, consultorias e mentorias para ajudar os estudantes do ponto de vista da saúde mental”.  Agora na segunda onda da Covid-19, assim como no Brasil, a Índia enfrenta problemas na distribuição das vacinas. “Temos de esperar que as condições melhorem. A segunda onda está atingindo mais os jovens, há falta de oxigênio, medicamentos e de leitos. A região norte está um pouco melhor do que a sul, mas a vacinação não está totalmente implementada porque temos um desafio na logística e apenas 45% da população vacinada”.

Como segundo maior país do mundo em sistema de ensino superior e no número de estudantes, a Índia está em processo de implementação de um plano, chamado Plano ABC. “Em julho do ano passo, no meio da pandemia, fizemos um debate on-line para discutir as diretrizes do ensino superior indiano. Temos diversas comissões com sobreposições, cada uma cuida de uma área, que pode ser Medicina, Arquitetura, Advocacia, para encaminharmos os profissionais recém formados ao mercado de trabalho, mas a regulamentação é feita por uma comissão única, que cuida do financiamento e da acreditação”, diz Pankaj Mittal.

Segundo ela, “a acreditação é algo chave que será homogeneizado no Plano ABC, que é um sistema de acreditação como se fosse um banco, que vai permitir que instituições que hoje não emitem diplomas possam criar créditos de ensino para facilitar a formação dos alunos. Cada estudante vai ter uma conta dentro do ABC, vai depositar seus créditos nesse banco universitário que será administrado pelo governo da Índia. Os estudantes poderão fazer diversos cursos de diferentes universidades. Terão de estar inscritos em qualquer programa, que pode ter diferentes cursos, mas em universidades diferentes. O estudante termina os cursos e vai depositando os créditos. Para Direito, por exemplo, é preciso 120 créditos, e o estudante tendo essa pontuação no banco pode ser formar. Os créditos que sobram podem ser usados a posteriori. Isso significa que o estudante vai ter flexibilidade para escolher várias universidades ou faculdades técnicas”, detalhou.

Outras metas que a Índia pretende atingir é aumentar em 6% o PIB com a educação superior que hoje é de 4% e aumentar em 50% o índice de jovens dos 18 aos 23 anos no ensino superior (hoje é de 23%). A internacionalização também está nas novas diretrizes indianas. “Temos 46 mil estudantes internacionais e 1 milhão de estudantes que saíram do nosso país para estudar em outros países. Por meio dessa nova política o governo indiano quer receber mais estudantes internacionais. As 100 maiores universidades do mundo no ranking americano ou europeu, também podem estabelecer seus campi na Índia e as IES indianas também podem se estabelecer em outros países. E os créditos das IES internacionais podem ser transferidos para o sistema de crédito  indiano”, finaliza Pankaj Mittal.

A série de webinares Cenário do Ensino Superior no Mundo Atual prosseguirá na próxima terça-feira discutindo o cenário atual da Europa.  Saiba mais aqui.