Nessa quarta-feira (17), Klaus Thunig, vice-reitor do Departamento de Administração Técnica de Empresas da Universidade de Ciências Aplicadas da Vestfália do Sul, em Hagen, na Alemanha, detalhou como o governo e as universidades alemãs estão enfrentando a pandemia e a volta às aulas. Foi o quinto e último webinar da terceira série, “A educação superior no mundo pós-Covid-19: lições aprendidas pelas IES internacionais que já retornaram as atividades presenciais”, realizada pelo Consórcio STHEM Brasil juntamente com o Semesp.

“Desafios e oportunidades da Covid-19 para o ensino superior: A experiência alemã” foi o tema da palestra de Thunig que dividiu sua apresentação em seis etapas: desenvolvimento da Covid-19 na Alemanha; Ensino Superior; Diretrizes de Emergência contra o coronavírus nos estados alemães; implementação das diretrizes do coronavírus nas universidades; oportunidades e desafios e o  Ensino Superior além da Covid-19. “As Instituições de Ensino Superior na Alemanha são independentes e, desde o início da pandemia, o Governo Federal deixou a cada estado a responsabilidade de tomar medidas para combater a Covid-19 e levar paras seus Ministérios de Cultura e Educação estaduais as ações emergenciais que deveriam ser adotadas”, contou Thunig.

A Alemanha teve, até o momento, 177 mil casos notificados de coronavírus e 800 mortes em seus 16 estados e, segundo o palestrante, para cada região do país, as medidas tomadas foram em etapas diferentes. “No Sul do país, dia 11 de março os governos estaduais proibiram grandes eventos, com mais de mil pessoas, dia 17 impuseram a restrição na circulação de pessoas e somente dia 19, escolas e pré-escolas foram paralisadas e as fronteiras fechadas e no dia 22 a restrição da circulação de pessoas e uso de máscara foram decretados obrigatórios por lei. No Norte do país, os eventos já foram permitidos com um número restrito de pessoas, mas dia 16 de março as instituições de ensino superior foram fechadas e aplicadas as aulas on-line. No final de março resolvemos adiar o semestre ou fazer desse semestre uma opção livre para os estudantes”, detalhou o educador.

O sistema de ensino alemão oferece seis tipos de universidades, nas quais estão matriculados 2,8 milhões de estudantes no semestre de inverno 2019/2020, sendo 2,4 milhões alemães e 395,6 mil estrangeiros. Os alunos estão divididos da seguinte forma: Universidades e Universidades de Ciências Aplicadas (1,7 milhão, ou 60%); Faculdades de Administração (53,1 mil, ou 2%); Art Colleges (37,1 mil, ou 1%); Faculdades de Formação de Professores (25,9 mil ou1%) e Faculdades Teológicas (2.587 alunos, 0%). As IES alemãs são 92% públicas e 8%, privadas.

“Em 2007 o Governo alemão mudou seu sistema de ensino de graduação com recebimento de diploma para cursos contínuos de bacharelado e mestrado e dividiu em quatro modelos: Tamagotchi; Jenga; Lego Set e Transformers, que perfazem 247 bacharelados e 141 mestrados. Esses modelos e cursos permitem que o estudante tenha uma formação contínua e opte por um ou mais cursos. Muitos cursos são ministrados totalmente em inglês, o que atrai muitos estudantes internacionais. Hoje temos 13,8% dos alunos estrangeiros com jornadas totais ou parciais de estudos, ou seja, quando o aluno faz meio período de aulas, na outra metade pode estagiar trabalhando em empresas parceiras”, explicou Thunig.

Com a pandemia, segundo Thunig, “algumas medidas foram tomadas para atender a todos os estudantes com qualidade, mas os alunos que iriam vir para o semestre de verão, que se inicia em setembro, não puderam vir”, disse. Durante o período de quarentena, Thunig conta que “as aulas foram ministradas digitalmente mas de forma síncrona e assíncrona, as provas dadas oralmente e individualmente por Zoom, aulas práticas foram feitas por meio de simuladores, sessões de laboratórios cumpridas por meios de vídeos e para os alunos com maiores dificuldades foi dado suporte financeiro e técnico”.

A partir de 7 de maio as universidades alemãs retornaram às suas aulas presenciais, mas não como antes. Segundo Thunig, “Reduzimos o número de alunos para 20 por sala, decidimos impor 1m50 de distância entre as cadeiras, tomamos todas as medidas de higiene, uso obrigatório de máscaras e pretendemos agora estudar e planejar uma agenda com um ensino mais híbrido, com aulas síncronas e assíncronas. Mas ainda não temos diretrizes para os programas de intercâmbio e tudo está dependendo ainda da segunda onda da Covid-19”, finalizou.