O terceiro webinar da terceira série de videoconferências realizada pelo Consórcio STHEM Brasil, juntamente com o Semesp, “A educação superior no mundo pós-Covid-19: lições aprendidas pelas IES internacionais”, ocorreu nesta segunda-feira (8) e contou com a participação de Mathew Johnston, conselheiro em Educação e Ciência da Embaixada da Austrália e Chefe do Departamento de Educação, Competências e Empregabilidade.

“Desafios e oportunidades da Covid-19 para o ensino superior: A experiência australiana” foi o tema da apresentação de Johnston, que atua como coordenador da Força-Tarefa de Educação do Governo Federal, com a responsabilidade de articular com as partes interessadas o desenho de um plano de retomada gradual das aulas. Na Austrália, que tem 25 milhões de habitantes, o primeiro caso da Covid-19 foi detectado em janeiro. O país teve 7.255 casos registrados até agora, com 6.640 pacientes curados, apenas 102 mortes, e 513 casos ainda estão ativos.

“O mais importante para o combate à pandemia foi a pronta resposta das políticas emergenciais criadas pelo governo da Austrália, determinadas a partir da criação de diversos comitês. O Comitê Principal de Proteção à Saúde da Austrália (AHPPC – Australian Health Protection Principal Committee), formado por vários médicos, dá conselhos e orientações sobre saúde. Esse Comitê é levado a sério e seguido por todos os australianos”, enfatizou Johnston.

Foi criado também o Mecanismo de Coordenação Nacional (NCM – National Coordination Mechanism), no início de março, para coordenar e colocar em prática ações de prevenção à Covid-19 em todo o país. “Foi decretado o lockdown, restringidas as viagens locais e internacionais não emergenciais e definidos os serviços essenciais”. E para colocar em prática por todo o país, foi criada a Comissão Nacional de Coordenação de Coronavírus (NCCC – National Coronavirus Coordination Commission) e o Gabinete Nacional. “Esses departamentos fornecem orientações colaborando com todos os estados e regiões do país, criando políticas públicas, dando orientações de saúde e formas de recuperação dos setores econômicos”, lembrou.

E, a partir do Gabinete Nacional, foi criado um plano de 3 estágios para o combate à Covid-19, onde foram planejadas ações para a Educação e de como os serviços iriam voltar a funcionar. “Temos 1,5 mil alunos, cerca de 400 mil estrangeiros em nossas 43 universidades, sendo que 40 delas são públicas, e todos os alunos pagam mensalidades. No estágio 1 procuramos dar suporte aos alunos internacionais, com acesso a cuidados com a saúde, tanto mental com assistência psicológica quanto social e apoio financeiro para os que ficaram desempregados, além de uma maior flexibilidade nos cursos com opção de estudo on-line”, contou.

No segundo estágio, segundo Johnsons, “é pensar o papel da educação na Austrália, que é o de apoiar a recuperação econômica do país. O grande desafio agora é reunir, em redes, universidades para criar cursos específicos para capacitar os alunos e ajudá-los a encontrar empregos necessários para reconstruir a economia após a Covid-19. O governo priorizou as áreas de ensino, enfermagem, cuidados com a saúde em geral, matemática e ciências. E está criando cursos de curta duração que priorizam as habilidades essenciais dos estudantes e dão a eles microcréditos para se requalificarem no mercado de trabalho atendendo a demanda governamental”, explicou.

O estágio 3, segundo Johnston, “ainda não se sabe quando chegará. Mas a Covid-19 nos deixa desafios importantes. Estamos pensando em ações para revisão das tendências em relação ao futuro das profissões; acesso mais amplo ao ensino superior em um prazo mais acessível e flexível; inclusão digital por meio de treinamento educacional; reduzir a lacuna entre o mundo do trabalho e o da educação; criar estratégias de internacionalização com foco no aumento do desempenho dos alunos, social e profissionalmente e da recuperação econômica por meio da educação”, concluiu.