Fonte: Divulgação/Prof. Dr. Marcelo Knobe, reitor da Unicamp.

“Como navegar com um futuro nebuloso: reflexões para Instituições de Educação Superior no meio da pandemia” foi o quarto da nova série de seis webinares que o Consórcio STHEM Brasil, em parceria com o Semesp, realizou nessa segunda-feira (27), com a participação do Prof. Dr. Marcelo Knobel, reitor da Universidade Estadual de Campinas e também professor titular do Departamento de Física da Matéria Condensada do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp.

“A Unicamp, por ter uma presença forte em pesquisa e extensão e também na área de saúde, com a pandemia não pode parar. O hospital da universidade atende cerca de 6 milhões de pessoas e 100% do SUS, com 40 leitos de UTI dedicados somente a Covid-19. Por essas razões não paramos e tivemos de uma hora para outra transformar nossas aulas presenciais em atividades didáticas não presenciais e emergenciais”, contou Knobel.

Segundo ele, “o semestre é atípico em todas as universidades do mundo e por essa razão, o momento é de ter flexibilidade”. A Unicamp montou uma força-tarefa emergencial para fazer adaptações de infraestrutura, convencimento de professores que não tinham familiaridade com atividades a distância e no uso de ferramentas tecnológicas, mas o ponto principal foi o de ajudar alunos em desigualdade social. “Muitas vezes nós não nos damos conta que há muitos alunos com dificuldades nas aulas presenciais, para chegar na universidade, para se alimentar, e em casa para ter acesso a internet, sem um local apropriado para seus estudos. Estamos tentando minimizar os problemas desses alunos nesse momento de pandemia, mesmo sabendo que não vamos resolver o problema de todos”.

Com essa situação, a Unicamp resolveu tomar uma série de medidas para flexibilizar a vida de todos os seus alunos. “Cancelamos qualquer tipo de frequência, estamos possibilitando, mesmo aos ingressantes, que possam trancar o semestre, ou seja, cancelar matrícula do semestre, ampliamos o trancamento de matrículas em disciplinas até 15 de julho, abrimos novas turmas e possibilitamos que os estudantes possam eventualmente trocar de turmas, além de esticarmos o nosso atual semestre para até 30 de agosto”, enumerou.

A primeira Força Tarefa, executada pela Unicamp, foi a de criar uma página de pesquisa da Coronavírus (https://www.unicamp.br/unicamp/coronavirus), onde há pesquisas sendo realizadas em todas as áreas do conhecimento. “Atuamos em uma frente coordenada, única e muito bem detalhada, informando a todos nossas realizações, desde testes de remédios e vacinas, produção de ventiladores mecânicos, limpeza de máscaras para ser reutilizadas, uso de inteligência artificial para respiradores artificiais, entre outros temas”.

Na plataforma há também uma célula de filantropia, doações e voluntariado, tanto para doações em dinheiro como em materiais. “Desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas, a página foi estruturada nas áreas de saúde e pesquisas; ensino e solidariedade. “Primeiramente encaminhamos um ofício solicitando a magistrados, procuradores e ao Ministério Público do Trabalho para que revertessem recursos de TAC, de multas referentes a questões jurídicas à Unicamp e, especificamente, para o combate do coronavírus e rapidamente fomos atendidos. Conseguimos R$ 10 milhões em doações”, lembrou.

Com campanhas, a Unicamp conseguiu ainda doações de pessoas físicas e jurídicas. “Recebemos R$ 2 milhões em dinheiro de doações de pessoas físicas e ainda empresas nos doaram produtos como álcool gel, máscaras, material de higiene e limpeza, entre outros”, disse o reitor da Unicamp.

Na área de saúde e pesquisas, as ações filantrópicas foram para compra de EPIs, remédios, material de consumo, contratações emergenciais e serviços de terceiros. “Antes da pandemia nós pagávamos uma máscara R$ 0,10 e durante a pandemia o mesmo produto passou a custar R$ 4,40. O hospital da Unicamp usa 6 mil máscaras por dia, por isso a importância das doações. Sem elas a universidade não teria como pagar esse aumento nos custos”, lembrou o reitor.

A campanha de voluntariado na área de ensino foi para doações de equipamentos como tablets, notebooks, computadores, entre outros para ampliar o acesso on-line dos alunos. “Várias áreas da universidade formataram esses computadores doados e distribuímos cerca de 500 equipamentos. Compramos ainda chips de internet de 10 gigabytes para ajudá-los no acesso on-line, além de transformar a Bolsa de Auxílio Transporte, que é de R$ 200 por mês para cerca de 2 mil bolsistas em Bolsa de Atividades não presenciais. Já que os alunos não estão vindo para a Unicamp com o uso do transporte coletivo, eles podem usar esse recurso para se alimentar melhor ou pagar pelo uso da internet. E também fizemos parcerias com operadoras para que os alunos mais carentes pagassem pelo acesso planos mensais de R$ 20 e R$ 25”.

Na área de solidariedade, a Unicamp agora busca parcerias com a Prefeitura de Campinas e empresas como Sem Parar e Itaú Social, para doação de cestas básicas e cestas de higiene para serem distribuídas aos mais carentes. “Faremos o rastreamento para saber se as cestas estão chegando para as pessoas que realmente precisam”, contou.

Marcelo Knobel disse ainda que embora as universidades públicas estejam enfrentando uma situação muito difícil, com a redução de bolsas de estudo e falta de investimentos dos governos federal e estadual, é o momento das instituições, sejam públicas ou privadas, olharem para a sua verdadeira missão. “A nossa comunicação precisa ser mais efetiva e precisamos mostrar à sociedade qual é o nosso papel para, assim, fortalecermos nossa imagem. Afinal, sem universidades de qualidade, não existirá futuro”, finalizou.