Cerca de 40 educadores participaram ontem, dia 30, da primeira capacitação on-line realizada pelo Consórcio STHEM Brasil em parceria com a Fundação Pan-americana para o Desenvolvimento (PADF), com o patrocínio da Boeing. As próximas capacitações ocorrerão dias 24, 25 e 26 de abril presencialmente, em período integral, na sede do Semesp – Rua Cipriano Barata, 2.431 – Ipiranga, São Paulo.

O professor Carlos Zacharias (Unesp) mostrou, na segunda parte da capacitação, três iniciativas de ensino e aprendizagem de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). “Esse movimento acontece em todos os lugares e em vários níveis, nas empresas, no Governo e nas escolas. As áreas STEM são cruciais para o desenvolvimento da inovação, da competitividade e do crescimento econômico e, portanto, são estratégicas para as empresas. Nas empresas é por uma questão de medo de um apagão tecnológico e profissionais em desenvolvimento. Essa preocupação começou já há alguns anos nos Estados Unidos, na Europa, e mais recentemente a Alemanha gerou um documento que mostrou esse mesmo apagão”, disse.

Segundo ele, “há uma demanda crescente por profissionais qualificados nas áreas de STEM, em parte devido à rápida evolução da tecnologia e a necessidade de soluções mais avançadas em vários setores como saúde, energia, transportes e comunicação, como também a necessidade das empresas por recursos humanos nessas áreas”. Por essa razão, Zacharias lembrou de empresas que fazem investimentos em inovação e incentivam a formação de profissionais, citando como exemplos a própria Boeing que patrocina a PADF e a parceria com o STHEM Brasil, a Johnson & Johnson e a Basf.

Em seguida, Zacharias citou a segunda iniciativa de capacitação STEM, que é a do Governo quanto à BNCC (Base Nacional Comum Curricular). “A BNCC destaca a importância do desenvolvimento das competências científicas, tecnológicas, matemáticas, como uma das bases para a formação integral ao defender que essas competências são essenciais para a compreensão dos fenômenos naturais, tecnológicos e sociais, e também para a resolução de problemas complexos com a tomada de decisões conscientes. Por essa razão aborda o ensino STEM de uma maneira integrada e promove uma abordagem interdisciplinar que estimula a construção de conhecimentos a partir de múltiplas perspectivas”.

Por fim, Zacharias falou da importância da iniciativa de capacitação STEM nas escolas. “É nesse aspecto que temos de começar a mexer e procurar apoio para mudarmos a nossa maneira de ensinar. No âmbito educacional significa repensar o processo de ensino e aprendizado que leva a uma compreensão não somente de fundamentos ou conceitos, mas também que contribua ao desenvolvimento de competências técnicas, comportamentais e de valores humanos que visem o pleno desenvolvimento de seus educandos”.

O educador ressaltou ainda um dado “de que 85% do sucesso da carreira depende de habilidades pessoais, mas alertou para que os docentes tenham cuidado em achar que ter apenas 15% na parte de hard skill, ou seja, na parte técnica e conteudística não é tão importante. Isso é mentira, o engenheiro precisa de todas as habilidades de engenheiro e o matemático todas as habilidades de matemático para ir e ter sucesso no mercado de trabalho”.

A professora Simone Vianna (UniFecap) explicou os objetivos do Projeto PADF na área do Ensino Fundamental II e as fases de implantação, que serão duas. “Neste projeto específico vamos auxiliar os docentes do ensino superior em relação à aplicação das metodologias do STEM em sala de aula e aumentar o número de atividades em que sejam utilizadas metodologias inovadoras, voltadas ao ensino e à pesquisa científica; oportunizar às IES o cumprimento do seu papel social por meio de atividades de extensão e na participação de projeto que colabora com a formação de docentes dos anos básicos em temáticas ligadas à educação STEM e ao ensino ativo; e disseminar a educação STEM entre os professores dos anos básicos de escolas públicas, incentivando-os a repensarem os seus planos de aula e compartilharem boas práticas de um ensino inovador entre os demais professores da sua instituição”.

Simone lembrou que o projeto, na 1ª fase, “foi divulgado para 66 IES consorciadas do STHEM Brasil, e abertas 40 vagas para os docentes participarem das formações e dividido em duas formações, o encontro on-line de hoje e os encontros presenciais, dias 24, 25 e 26 de abril. Após capacitados, os docentes trabalharão com os professores de escolas públicas escolhidas em regiões de vulnerabilidade, e proporão um projeto de extensão. Serão selecionados apenas 5 projetos-pilotos, uma para cada uma das 5 regiões do Brasil. Na 2ª fase, os docentes capacitados nos 5 projetos selecionados vão construir um plano de ação e na sequência colocar em prática ao longo do segundo semestre desse ano. As escolas públicas precisam organizar uma feira STEM, com os produtos inventados e descobertos durante todo o projeto. Os resultados devem ser apresentados no final do projeto e precisam incluir todas as fases aprendidas, além de um relatório para dar sequência às formações de 2024”, detalhou.

A educadora finalizou o webinar dando uma tarefa aos docentes que foram divididos em grupos com o desafio de montar uma aula seguindo as normas da BNCC.