Antonio Carbonari Netto, reitor da Must University (EUA).

“Mudanças e Inovação” é o primeiro episódio da série de seis webinars que teve início nessa quinta-feira (16), realizado pelo Consórcio STHEM Brasil em parceria com o Semesp, com o fundador do Grupo Educacional Anhanguera e atual reitor da Must University na Flórida (EUA), Antônio Carbonari Netto.

Carbonari iniciou sua apresentação dizendo que “após a pandemia, os alunos não serão como antes e que vão querer mais aulas em ambientes fora das salas de aulas tradicionais”. O educador falou também das diferenças entre professores e tutores e ensino e aprendizagem. “Antes o ensino presencial tinha um grande número de professores que descarregavam conteúdos em cima dos alunos, hoje precisamos ter mais tutores para não só exercitar a aprendizagem, mas orientar, incentivar, motivar os alunos a saberem fazer e desenvolverem suas próprias competências”.

Ele fez também algumas previsões para as instituições de ensino superior de grande e menor porte. “Em tempos de crise as instituições pequenas vão ter de repensar para alugar cursos das instituições de maior porte que já têm uma estrutura mais tecnológica em EAD e até pensar em alocar polos de outras instituições, as empresas com conteúdos customizados vão crescer e teremos de redefinir os conceitos de faculdade, universidade e centro universitário”, enfatizou Carbonari.

Carbonari sugeriu um modelo que vai ganhar força pós-Covid-19, comparando um corpo humano com vértebras e costelas. “O EAD veio para ficar, os 40% em aulas a distância previstos na Portaria do MEC 2.117/2019 será fatal. Teremos menos aulas presenciais, as IES vão poder criar aulas em vídeos e outras formas on-line para vender, alugar e outras instituições sem esse aporte tecnológico serão obrigadas a buscar parceiros, comprar disciplinas em EAD e definir em seu currículo e projeto pedagógico quais serão as vértebras de um curso, ou as disciplinas essenciais presenciais e as costelas do curso, as disciplinas complementares em EAD”, enumerou o educador.

E citou em um quadro Matriz montado com um modelo onde um curso de Administração de Empresas, por exemplo, poderia ter aulas presenciais de matérias essenciais às terças e quintas-feiras e aulas on-line (ou por meio do polo EAD) e complementares às segundas, quartas e sextas-feiras.

Carbonari sugeriu ainda ideias, que segundo ele seriam “malucas”, de que “a gestão da instituição poderia ser terceirizada em parceria com uma instituição com maior poder tecnológico, levar até o aluno um polo de EAD e até um polo de educação presencial e promover cada vez mais a inclusão social dos alunos por meio de programas de financiamento estudantil como Fies, ProUni e das próprias instituições”.

O reitor do UNIFIAN finalizou sua apresentação indicando a leitura do livro “The End of College”, de Kevin Carey, que questiona o fim da faculdade, detalha o conceito de sala de aulas, o que é aula, o que é o street learning (aprendizagem de rua), a aprendizagem com menos ensino, o tutor no lugar do professor, o bacharelado multidisciplinar e a Universidade de qualquer lugar.

“A Universidade Federal do ABC Paulista tem um case muito interessante de bacharelado multidisciplinar, onde o aluno escolhe a área em que quer atuar – humanas, exatas, saúde – faz o curso em 3 anos e aí opta pelo mestrado específico para uma determinada especialidade da área em que escolheu”, exemplificou.

Quando questionado pelo diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, se instituições, professores e alunos sairão do coronavírus modificados, Carbonari foi categórico: “Caminharemos para um ensino híbrido e as aulas presenciais precisarão ser desruptivas, e não apenas remodeladas com um certo verniz. Os alunos vão voltar mais exigentes e teremos de lidar com tudo isso disponíveis a mudar e quebrar todos os paradigmas”.