O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, apresentou no Coffee Lounge 2, durante o segundo dia do 1º Seminário O Admirável Mundo Novo da Educação Superior em Ambientes Híbridos, a pesquisa Adoção de aulas remotas – visão dos alunos e professores, sobre o ensino remoto e as perspectivas para o futuro do ensino superior pós-Covid19.

O evento é uma parceria do Consórcio STHEM Brasil com a Universidade de Coimbra e tem como coorganizadores o Semesp, a Universidade Estadual do Arizona, o Instituto Tecnológico de Monterrey e a Unicamp.

“O nosso objetivo ao realizar a pesquisa, em julho desse ano, foi entender o comportamento de alunos e professores e ter a opinião sobre as aulas remotas durante a pandemia. A participação foi excelente. Foram 2.588 alunos matriculados na graduação, entre desistentes e concluintes em 459 IES, sendo 343 privadas e 116 públicas em 129 cursos. A amostra de 1.764 respondentes foi muito confiável porque engloba várias áreas do conhecimento e nos deu ensaios muito interessantes. Já com os professores foram 413, de 130 IES, sendo 111 privadas e 19 públicas”, disse Capelato.

A pergunta que deve ser feita agora pelas IES, segundo Capelato, é: “ Vamos iniciar 2021 oferecendo a mesma forma de ensino remoto? Ou vamos evoluir por meio de nossos aprendizados?”. A pesquisa com os alunos mostrou dados preocupantes. A maioria dos alunos, 90% das classes C e D e 50% só das classes e D e E foram impactados com a pandemia e enfrentam desemprego, redução da jornada de trabalho dos familiares e perda de renda.

“Um dado importante do estudo é que houve uma compreensão da comunidade acadêmica que as aulas remotas foram as mais adequadas, por docentes e discentes, tanto da rede privada quanto pública. No entanto, na rede pública tem um número bem grande que discorda que as aulas foram atrativas, em função da dispersão que o modelo remoto proporcionou até pela demora na tomada de decisão de quais ferramentas adotar”, ressaltou Capelato.

Com relação as ferramentas houve uma concordância tanto de alunos quanto de professores de que elas atendiam as necessidades dos alunos durante as aulas, como as plataformas Moodle, Canvas, Google Meet, entre outras. “Migramos para essas ferramentas mas elas não nasceram para a finalidade de sala de aula on-line, mas sim para videoconferência, webinars, reuniões virtuais. Temos agora de repensar as plataformas que estamos utilizando e a maneira de torná-las mais próximas ao mundo universitário presencial”, sugeriu.

No entanto, Capelato mostrou uma preocupação com o esgotamento do modelo remoto. “Os alunos não aguentam mais as aulas no formato remoto. Não dá para dizer que os alunos gostaram da experiência on-line. Os professores avaliaram um pouco melhor. A questão é muito interessante porque na visão do aluno, os mais velhos, ao contrário do que se pensava que eram os mais jovens, gostaram mais da tecnologia, porque ganharam mais tempo para ficar em casa, com maior qualidade de vida, sem precisar se deslocar com custos menores”.

Mas os grandes impactados com as aulas remotas foram mesmo os professores. “Recebemos muitos comentários de professores que tiveram crise de ansiedade e depressão, porque ao entrar em sala de aulas sentiam que os alunos não participavam. Precisamos instrumentalizar melhor os professores em metodologias de ensino remoto, mas não existe uma literatura para isso”, disse Capelato.

O diretor executivo do Semesp sugeriu caminhos. “IES que quiserem  reduzir custos colocando um monte de alunos em sala de aula no Zoom, vão fracassar e ter maior evasão. Tem de dividir poucos alunos em salas e fazê-los  trabalhar em conjunto. Uma dica é abrir o campus não para dar aulas expositivas, mas fazer um espaço de aprendizagem para aqueles alunos que em casa tem ambientes precários e não conseguem um espaço para estudar com tranquilidade”, apontou.

Por fim, Capelato falou sobre avaliação. “Na rede privada a grande maioria optou pela avaliação de múltipla escolha. Isso é muito complicado e gera a desvalorização do sistema e do modelo de ensino. Temos vários exemplos de coordenadores e professores dizendo que as notas dos alunos aumentaram muito em relação a outro ano porque não se consegue ver de onde o aluno está copiando as respostas. A avaliação não pode ser simplista, com respostas de múltipla escolha. Precisa-se pensar em um modelo de avaliação com trabalhos, avaliações orais e grupos de estudo menores, com poucos alunos”.

A gravação completa do Coffee Lounge 2 estará disponível no site do STHEM Brasil e também no Canal STHEM Brasil do You Tube.