No terceiro e último dia do seminário “O Admirável Mundo Novo – na vanguarda de uma sociedade em mudança”, organizado pelo Consórcio STHEM Brasil, Semesp, Laspau/Harvard, Universidade de Coimbra, Tecnologico de Monterrey e Universidade do Estado do Arizona (ASU), o workshop 4, “Interdisciplinaridade dentro e fora da sala de aula”, teve como palestrante o engenheiro de produção, professor de engenharias e administração e coordenador do curso de Engenharia de Produçãodo CESUPA (Centro Universitário do Pará), Felipe Freitas, entusiasta das metodologias ativas de aprendizagem.

“Se voltarmos há 2 anos não tínhamos ainda a ideia do que viria pela frente com a pandemia, todas as mudanças que iríamos passar, os ajustes que teríamos de fazer, especialmente no ambiente acadêmico. E não adotamos apenas a tecnologia, mas o papel do professor e sua atuação sofreu mudanças radicais nesse período. Por essa razão os profissionais do futuro precisam se preparar para viver em um mundo mais dinâmico e mutável”, disse Felipe Freitas.

Em seguida, ele afirmou que “a interdisciplinaridade mostra que o conhecimento especializado é fundamental, mas que é preciso cuidado para não cair na zona do sábio ignorante, quando o profissional sabe muito de sua área e acredita que não precisa saber de outras áreas. Isso envolve uma série de fatores conceituais, tecnológicos, mas o especialista precisa saber lidar com todas as exigências do mercado de trabalho” e ainda mostrou quatro exemplos de projetos interdisciplinares que são experiências extracurriculares, curriculares, curriculares entre cursos e interinstitucionais.

“Entre os Desafios e Hackathons, que são considerados experiências extracurriculares, tivemos o Odontech com a participação de 55 alunos dos cursos de Engenharia da Computação, Publicidade e Propaganda, Administração e Odontologia. Nesse desafio teve uma empresa parceira que tinha um coworking de odontologia, um espaço onde os dentistas podiam alugar cadeiras de atendimento e prestar os serviços nesse local. O desafio era para que um grupo de alunos, de todas essas áreas, montasse um plano de comunicação e marketing, não apenas para os dentistas usufruirem o local, mas angariar clientes. Foi um sucesso”, contou.

A segunda experiência extracurricular foi a criação de um Smart Campus que reuniu 25 alunos das Engenharias Civil, Computação e Produção e de Arquitetura e Urbanismo. “Eles tinham de desenvolver propostas para transformação de uma de nossas unidades nesse Smart Campus e estamos com o projeto já em construção”.

Em seguida, o professor Felipe apresentou o NIEJ – Núcleo de Inovação e Empreendedorismo de Juniores, considerado a primeira experiência extracurricular do CESUPA. “O NIEJ surgiu há 18 anos, mais de 5 mil alunos já passaram por ele, mais de 30 projetos foram desenvolvidos com os objetivos de desenvolvimento das comunidades, internacionalização, integração social e oportunidades de negócios e o mais importante, os coordenadores dos projetos são os próprios alunos do centro universitário”. Um dos projetos, Engenheiros sem Fronteira, teve como objetivo integrar as engenharias da instituição e disseminar os conhecimentos para alunos do 9º ano do ensino médio.

O GETA – Grupo de Estudos de Tecnologia Assistida foram desenvolvidos vários projetos integrados. “Alunos de ciência da computação e de tecnologia do CESUPA desenvolveram um aparelho de vibração torácica. O projeto Quarta Dimensão foi uma feira em Belém voltada à inclusão de pessoas deficientes. Os alunos desenvolveram aparelhos para ajudar pessoas com dificuldades visuais, paralisia cerebral e Alzheimer”.

Nas experiências curriculares, Felipe Freitas, apresentou os Projetos Integrados e os Módulos Integrados. “Nos Projetos Integrados, durante um semestre, juntamos várias disciplinas de uma determinada turma, por exemplo Física 3, que tem ótica, geração de energia e fenômenos de transporte,  e cada equipe precisa gerar um protótipo diferente de geração de energia, como se fosse miniusinas. Um dos projetos foi de energia eólica. Os feedbacks dos professores foram integrados, mas importante dizer que o aluno só participa de tiver 50% de aproveitamento nas áreas estudadas. Isso nos garante que estamos formando tecnicamente um aluno capacitado, mas que consegue integrar todas as áreas do conhecimento”.

Nos Módulos Integrados, segundo Felipe Freitas, “várias áreas do conhecimento são integradas e os alunos desenvolvem projetos dentro de uma empresa. Eles  usam ferramentas para integrar as várias áreas da empresa e a integração é plena dos departamentos. Os alunos são o tempo todo avaliados por indicadores de competências e habilidades e têm também feedbacks integrados”.

Por fim, o educador apresentou projetos de experiências interinstitucionais:  Amazon Experience e o CESUPA Mauá. “O Amazon Experience é um projeto que já tem 3 edições, envolve 15 IES de 7 países diferentes, e reúne mais de 150 alunos do mundo todo, juntamente com alunos do CESUPA, que são convidados por uma empresa parceira para desenvolver projetos de negócios a partir de insumos regionais da Amazônia. Envolve diferentes cursos e diferentes culturas. Já o CESUPA Mauá foi desenvolvido esse ano, com alunos de engenharia de produção, 20 alunos de cada equipe, para pensarem em soluções para a cadeia produtiva do açaí.  O outro projeto será em 2022,  a criação de um projeto de uma fábrica de mandioca para produção de um produto novo, um snack de mandioca”, finalizou.