Karina Tomelin é psicóloga, pedagoga e atual diretora de Inovação e Qualidade da B42, parceira do Consórcio STHEM Brasil, reconhecida pela criação de cursos interativos de alto impacto visual a partir de recursos tecnológicos, incluindo a acessibilidade, e pelo fornecimento às suas associadas de modelagens pedagógicas exclusivas e disruptivas. Ela diz que o maior problema hoje para o professor se capacitar é o tempo: “O professor não tem tempo para se capacitar e é responsável pela formação de outros profissionais que exigem várias competências, muitas vezes que ele mesmo não possui”, ressalta.

A solução para esses desafios, segundo a educadora, “são as microformações, os micromomentos de aprendizagem, que podem ser uma alternativa para o professor, já que falar em momentos mais condensados, mais leves, mas ao mesmo tempo pontuais de formação vai dar a ele o que realmente precisa para fazer acontecer”.

Para Karina, “as semanas pedagógicas de aprendizagem, que as IES promovem uma vez ao ano, são muito importantes, mas não são suficientes e nem podem ser as únicas atividades de formação do professor”. Uma das estratégias sugeridas pela educadora são os Minutos de Inspiração. “Todo dia o professor tem de aprender algo novo, premissa importante para quem quer estar nessa frente pela educação. Existe a estratégia de se provocar os minutos de formação que não são espontâneos. Exemplo: a aula começa 7h, e 10 minutos antes o professor recebe um link para um micro momento de formação, para que aprenda uma tecnologia, uma ferramenta ou uma metodologia de ensino. Hoje, com o conceito do aprender a aprender, todos precisam desenvolver essa competência, e é possível aprender de maneira muito rápida, porque se consegue condensar a informação principal do que se quer do professor naquele momento”, afirma.

Na experiência prática e presencial de Karina, os Minutos de Inspiração podem ser feitos na pré-aula, no período da noite, ou na hora do intervalo, no período da manhã, e o aprendizado acontece uma vez por semana, quando o professor vai para a sala dos professores. “É um lugar fantástico para trabalhar essa formação, e sem invadir o espaço do professor. Em apenas 10 minutos se traz uma ferramenta, um recurso de educação, uma inspiração, uma ideia que o docente pode ir atrás e conhecer mais” diz a educadora. Ela cita como exemplos de propostas de aprendizagem o Google Forms, que é um aplicativo para pesquisar e coletar informações,  fazer sondagens de aprendizagem  e também pode ser usado para questionários e formulários de registro, e o Mentimeter, que é uma plataforma on-line para criação e compartilhamento de apresentações de slides com interatividade, uma ferramenta que hoje os professores usam muito, mas antes da pandemia não usavam tanto.

Outra ideia de Karina foi a criação do EducaBox, um aplicativo gratuito que pode ser baixado no celular e que usa microlearning, ou seja, pílulas de aprendizagem, para desenvolver competências digitais em professores e educadores sociais e corporativos. “Ao baixar o aplicativo, os educadores recebem conteúdos diários, em forma de drops, sempre com a seguinte trilha: problema, contexto, orientação, inspiração e vá além. No problema, o aplicativo coloca uma pergunta sobre uma situação real vivenciada pelos educadores no cotidiano do processo de ensino-aprendizagem. Já o contexto apresenta uma breve descrição do tema. A orientação oferece sugestões de ação, reflexão e atuação diante do problema. A inspiração apresenta um pensamento relacionado ao contexto e que pode ser compartilhada diretamente do aplicativo para as redes sociais do educador. E, por fim, o vá além oferece sugestão de material complementar para consulta e aprofundamento do tema”, destaca.

Um exemplo dado pela educadora foi sobre o Brainstorming. “O docente recebe um drops perguntando o que é o brainstorming. Embora muitos professores saibam o que é, e o aplicativo seja utilizado no Brasil todo, a informação indica o que é: uma chuva de ideias que tem por objetivo promover ideias e soluções de maneira livre, criativa e colaborativa. Depois, como pode ser usado: com toda a turma ou em pequenos grupos. Aí vem o passo seguinte, que é o como fazer, com pequenas dicas e orientações. Primeiro selecione o problema ou desafio que será resolvido; disponha as regras para facilitar a mediação com a disposição de todas as ideias sem julgamento ou reprimenda; selecione o recurso que utilizará, que pode ser a lousa, post-it, imagem, pequenos filmes e áudios; faça um fechamento da atividade consolidando as sugestões e elaborando uma conclusão ou possível solução e o saiba mais, com mais detalhes de como usar”.

No entanto, Karina afirma que pode-se aprender de outras maneiras além dos Minutos de Inspiração e de aplicativos. “Existem outras formas dos professores aprenderem todos os dias, inclusive com a experiência e o método de outros docentes. Temos de aprender com o colega que faz diferente. As vezes não é só uma ferramenta, mas o jeito como se fala, a forma como se relaciona com os alunos. Tudo isso podemos aprender porque muitos professores não passaram por nenhuma formação para ser professor e aprenderam com suas próprias referências na trajetória escolar.

Por fim, a educadora faz uma observação aos professores que acham que o papel do professor não será reconhecido ou valorizado. “Toda vez que faço uma palestra eu digo aos professores que quem não vive aprendendo, não sobrevive ensinando. E que não é só a profissão de professor que muda, todas mudam. Então é preciso se atualizar sobre as tecnologias, ou o professor vai ficar defasado no mercado. A nova profissão de  professor exige que ele se atualize digitalmente, invista na compra de equipamentos e domine técnicas de ensino, estratégias de ensino e aprendizagem, interpretação de dados da aprendizagem. Os professores que conseguirem atuar como verdadeiros mentores de seus alunos vão ser profissionais muito valorizados no mercado”.

Para os gestores, Karina diz que não basta dar a capacitação aos professores, “é preciso saber ouvi-los, ter setores que deem suporte quando eles precisam. E fazer com que os professores de uma instituição compartilhem aprendizados e seus cases de sucesso uns com os outros”, conclui.

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