Nesta segunda-feira (15), o Consórcio STHEM Brasil, em conjunto com o Grupo de Inteligência Artificial –  STHEM Brasil IA, realizou o 1º Encontro STHEM Brasil IA, que reuniu 60 representantes das 58 IES consorciadas. “Inteligência Artificial nas Escolas IES: realidade para quem?” foi o tema da palestra proferida pela Profª. Drª. Rosa Maria Vicari, do Instituto de Informática (INF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e também coordenadora da Cátedra Unesco em Tecnologias de Comunicação e Informação na Educação.

“Com origem multidisciplinar, a IA invadiu primeiramente a Filosofia, a Matemática e a Linguagem, mas hoje se tornou multidisciplinar, conversa com a Neurociências para poder ler o cérebro humano (IMRI) e envolve todas as áreas. O principal ponto de estudo antes era a Machine Learning, treinada com muitos dados e baseada nas redes neurais e nos modelos estatísticos (híbridos ou não) e não o homem. Hoje isso está mudando, por meio do estudo de algoritmos, redes de aprendizagem e processamento de dados em nuvem, ela está avançando para entender cada vez mais o comportamento humano”, enfatizou Rosa Vicari.

Mas, segundo a professora, o grande desafio no uso da IA para os sistemas de aprendizagem, que com a pandemia se tornaram mais híbridos, “é construir modelos de aprendizagem  a partir do cérebro, com funções visuais, motoras e de EEG, interligando-os uns aos outros, e essa comunicação deve acontecer entre alunos e professores e garantir que os alunos tenham a capacidade de se adaptar e se reinventar. As redes convolucionais permitiram o aprendizado profundo e necessitaram de hardware que as suportasse”.

A palestrante mostrou a criação, a partir de pesquisas, de roadmaps da IA na educação e elencou as áreas que estão sendo desenvolvidas e as que se destacarão no futuro. “Muito se está pesquisando sobre tomada de decisão, privacidade, algoritmos automodificáveis, ML (explicação e complexidade), conhecimento, comportamento e percepção, mas ainda essas aplicações são em atividades burocráticas da escola e dos professores, seleção de alunos e robôs que podem criar videoaulas, apresentações e livros personalizados, além de sistemas de feedback imediato e assistentes pessoais”, explica.

Para um futuro próximo, Rosa Vicari diz que “é possível uma mudança na arquitetura das máquinas com inclusão de mais um processador (além do aritmético, do lógico e do gráfico) para tomadas de decisão. Este novo processador está baseado no contínuo desenvolvimento da afetividade computacional. Com relação as tecnologias prevê o surgimento de Ecosystems educacionais, onde haverá migração de tecnologias típicas de ITS, como a personalização do ensino, para LM e Mooc e vice-versa”.

“Processamento de Língua Natural: situação atual, desafios e oportunidades” foi o tema da palestra do Prof. Dr. Paulo Quaresma, catedrático e diretor do Programa de Doutoramento em Informática da Universidade de Évora (Portugal) e recentemente nomeado pelo ministro da Ciência e Tecnologia de Portugal a participar como Vogal de Comitê com o objetivo de fazer a ligação entre a iniciativa pública e privada para ajudar a trazer a IA do processo de investigação das universidades para a realização do projeto concreto.

O especialista comentou a importância da arquitetura e de agentes e redes neurais na IA. “Há um longo caminho a ser percorrido, mas é preciso a criação de modelos a partir das máquinas, que sejam baseados em nossas sensações, sobre o que queremos, o que sabemos e como será a IA do futuro”, disse.

Para Paulo Quaresma o maior desafio hoje é fazer a máquina pensar como um humano e entender todos os modos de raciocínio do homem quando se cai no senso comum. “Não dá para ensinar a máquina aprendizagens que acontecem desde que o ser humano nasce e são interiorizadas, sem regras. A grande dificuldade é fazer as máquinas e sistemas conversarem com o homem e vice-versa, e chegar nesse senso comum”, finalizou.

No encerramento do encontro, o presidente do Consórcio STHEM Brasil, Fábio Reis, agradeceu a presença maciça dos convidados e adiantou que serão criados novos grupos de trabalho para o ensino híbrido (hyflex learning) e competências digitais.